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EDP com projeto para instalar a sua maior central solar europeia no Alentejo

Central com 242 MWp localizada em Portel e na Vidigueira vai eclipsar o recorde anterior, também detido por uma central em Portugal. Projeto é híbrido funcionando em conjunto com a barragem do Alqueva para rentabilizar ao máximo o ponto de ligação.
25 Novembro 2024, 07h30

O grupo EDP tem um projeto para instalar a sua maior central solar europeia no Alentejo. A central fotovoltaica da Sobreira vai ficar localizada nos concelhos de Portel (Évora) e da Vidigueira (Beja).
O projeto conta com uma potência instalada de 242 MWp (292 MVA), com a produção média anual de eletricidade a atingir os 418 GW/h por ano, com um investimento na ordem dos 115 milhões de euros.
 Na verdade, este é um projeto híbrido, porque a central solar vai injetar a sua eletricidade na redes através do ponto de ligação afeto à central hidroelétrica de Alqueva II, com 400 kV, o que permite injetar energia solar durante o dia, aproveitando a água armazenada na albufeira para poder produzir eletricidade durante a noite, quando o sol não brilha. A barragem de Alqueva II conta com 255 MW de potência.
A EDP também conta com a barragem Alqueva I no mesmo local, também com 255 MW de potência, mas este projeto de hibridização visa somente Alqueva II, criando uma giga central com 500 MW, ao juntar a hídrica mais solar.
O projeto tem um prazo de construção de 16 meses, com uma vida útil de 35 anos.
“Durante o funcionamento diário do sistema, em períodos de elevado recurso solar, a energia hidráulica poderá ficar armazenada sob a forma de água nos reservatórios, priorizando a utilização do recurso solar. Em períodos de baixo recurso solar, a geração hidráulica poderá ser priorizada. Assim, a implementação da Central Fotovoltaica da Sobreira de Baixo permitirá otimizar esses “períodos mortos”, aumentando a energia fornecida ao sistema, sem ultrapassar a potência de ligação atribuída”, explica a empresa no estudo de impacte ambiental.
O projeto – que será desenvolvido pela EDP Renováveis – será implementado em terrenos das Herdades da Sobreira de Baixo e da Quinta de Dona Maria. São 348 mil módulos fotovoltaicos, dentro de uma área vedada com 445 hectares.
Se fosse hoje concluída seria a maior central solar fotovoltaica em Portugal, mas o primeiro lugar continua a pertencer à Solara 4 no Algarve. Tal como revelou o JE em julho, os irlandeses da Welink pretendem rentabilizar esta central, com 220 MW, inaugurada em 2021, com mais energia solar e a construção de duas centrais eólicas (em fases distintas), assim como baterias, para armazenar energia. O objetivo é ter tudo pronto até 2030, passando então a ter quase 500 MW, e fechar acordos PPA.
Quando estiver concluída, vai ser a maior central solar da EDP na Europa, pulverizando a anterior marca: a central solar da Cerca nos concelhos da Azambuja e Alenquer, no distrito de Lisboa, tal como o JE revelou em primeira mão em fevereiro deste ano.
A central da Cerca superou a que era a maior central da companhia na Europa, o projeto de Przykona na Polónia que conta com 195 MW que também entrou em operação em 2023.
Mas a maior central solar que está prevista para Portugal é a Fernando Pessoa, com 1.200 MW de capacidade instalada, localizada em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, que está a ser desenvolvida pela Iberdrola e pela Prosolia Energy.

“É na fase de construção que se farão sentir os impactes negativos com maior intensidade, devido à necessidade de intervenção numa vasta área. Do enquadramento efetuado no presente Relatório Síntese, concluiu-se que, embora se justifiquem algumas preocupações ambientais, a adoção das medidas de minimização preconizadas, especialmente para a fase de obra, permitem minimizar significativamente os impactes identificados”, argumenta a EDP.

Sobre o abate de árvores, a empresa diz que “apesar de ter sido possível salvaguardar os principais núcleos de sobreiros e azinheiras, face à ocupação presente na área de estudo, não foi possível evitar a afetação de exemplares isolados de azinheiras/sobreiros e áreas com povoamento de quercíneas (arbustos de sobro e azinho, ou seja, indivíduos de muito pequena dimensão, com altura compreendida entre 1 m e 1,6 m e PAP < 10 cm) em regeneração natural incidente em áreas de produção florestal de pinheiro, onde a espécie dominante na área onde se inserem é o pinheiro manso. Assim, foi desenvolvido o Projeto de Execução das Medidas Compensatórias do Abate de Sobreiros e Azinheiras, para compensação do abate de quercíneas (isoladas ou em sub-coberto de povoamento misto de pinheiro, em que esta espécie é dominante) necessário à implantação da Central Fotovoltaica da Sobreira de Baixo”.
Já o município da Vidigueira terá o direito a receber três milhões de euros por compensação, que serão suportados pelo Fundo Ambiental.
“São expectáveis impactes negativos sobre a flora vascular e sobre as comunidades vegetais, que resultam fundamentalmente da destruição física de indivíduos ou de populações de espécies de plantas vasculares e da perturbação de biótopos/habitats naturais resultantes das ações de preparação do terreno para implantar o projeto, as ações de limpeza e de decapagem dos solos e ainda da desflorestação de algumas das áreas com ocupação atual de floresta mista”, pode-se ler no documento.
A elétrica acrescenta que “as ações associadas à desarborização, desmatação do terreno e os movimentos de terras, a circulação de veículos e máquinas indispensáveis para a realização da obra e da inevitável perturbação humana  irão ter efeitos negativos sobre a fauna, consequentes da perda de habitat, da degradação dos habitats adjacentes, da perturbação dos indivíduos e o aumento do risco de mortalidade de algumas espécies por atropelamento, sendo que grande parte dos impactes negativos poderão ser minimizados através de medidas previstas implementar durante a obra de construção”.
“Em resultado da análise ambiental efetuada, considera-se a ausência de efeitos negativos significativos sobre o ambiente, uma vez que a execução do projeto da Central Fotovoltaica da Sobreira de Baixo não compromete o equilíbrio ecológico da área de estudo, nem provoca a destruição de caraterísticas ímpares do ambiente natural, não obstante que se justifiquem algumas preocupações ambientais, que poderão ser minimizadas pela adoção das medidas de minimização e de compensação identificadas e propostas no presente documento”, conclui a EDP.
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