A EDP mantém o seu foco em atingir lucros recorrentes na ordem de 1,5 mil milhões de euros em 2026. A meta está estabelecida no plano estratégico e foi agora reafirmada numa apresentação que a companhia está a realizar este mês junto de investidores.
O EBITDA para esse ano também foi reafirmado nos 5,7 mil milhões de euros: três mil milhões com origem na energia solar e eólica; 1,2 mil milhões em hídrica, retalho e gestão de energia; e 1,5 mil milhões em redes de eletricidade. Desde 2022 que o objetivo tem sido um crescimento de 12%-14% ao ano até 2026.
Já a meta do dividendo também permanece nos 0,20 euros por ação, a partir dos 0,19 euros euros registados em 2023, que vão subir para os 0,195 euros em 2024-25. Desta forma, o payout vai passar dos 75-85% dos resultados para os 60-70%.
Por geografias, a maior fatia de EBITDA em 2026 vai ter origem na Ibéria (45%), seguida da América do Norte (25%), Resto da Europa (15%), América do Sul (15%) e Ásia-Pacífico (5%).
Até 2026, o objetivo é instalar 18 gigawatts, com 17,1 gigawatts a terem origem na EDP Renováveis. Dos 25 mil milhões de euros em investimento, 85% destinam-se a energias renováveis, retalho e gestão de energia, e 15% para redes de eletricidade. Por geografia, 40% destinam-se à América do Norte, a Europa reúne a mesma fatia, América do Sul outros 15%, e Ásia-Pacífico com 5%.
Por tecnologia, 40% destinam-se a eólica onshore (5 gigawatts), outros 40% para a energia solar (9,4 gigawatts), a solar descentralizada fica com 12% (2,1 gigawatts), 5% a eólica offshore (700 MW) e 500 MW em armazenamento, mais hidrogénio verde (3%).
Em termos de liquidez, a companhia contava com 10,5 mil milhões de euros no final de 2023, 7,1 mil milhões em linhas de crédito e 3,4 mil milhões de euros em dinheiro.
A empresa aponta que esta liquidez cobre as necessidades de refinanciamento até 2027. Depois de ter atingido os 13 mil milhões em 2022, a dívida líquida vai atingir os 16 mil milhões no final deste ano, e os 17 mil milhões de euros no final de 2026.
“Sólida geração de cash flow, com mais de quatro mil milhões de euros de dívida líquida após um plano de investimentos de 25 mil milhões de euros”, segundo a apresentação da elétrica que destaca que a empresa vai investir 23 mil milhões de euros na sua expansão até 2026, gastando mil milhões para comprar a totalidade da EDP Brasil e pagando três mil milhões de euros de dividendos.
Em termos de origem de cash, a companhia esperar gerar nove mil milhões de forma orgânica, e outros mil milhões de euros com a venda e rotação de ativos.
Esta apresentação tem sido usada nas “interações com investidores. Vão acontecendo várias interações ao longo do ano”, disse fonte oficial da EDP ao JE, não dando detalhes sobre o tipo de investidores, nem em que geografias se encontram, ou praças financeiras.
Dos 4,5 gigawatts instalados por ano entre 23-26, 70% ficarão na gestão da empresa, com os restantes 30% colocados para venda.
Em 2024, a redução dos minoritários na EDP Brasil e no portefólio eólico da EDP Renováveis vai gerar uma contribuição de 150 milhões de euros para o lucro deste ano.
Goldman Sachs corta preço-alvo e deixa avisos
Na terça-feira, o Goldman Sachs anunciou que cortou o preço-alvo da elétrica (mantendo a recomendação em ‘comprar’): a previsão agora é de 4,40 euros nos próximos 12 meses, face à previsão anterior de 4,85 euros. A cotada fechou a descer 3,82% para 3,474 euros na sessão de terça-feira.
O banco norte-americano está preocupado com a descida dos preços de eletricidade, o que pode levar a energética a reduzir o desenvolvimento de energias renováveis: menos 30% de adições anuais face ao plano estratégico, prevê o GS no seu cenário base.
“Acreditamos que as ações da EDP podem pausar para respirar, por três razões: (1) vemos um risco descendente de 10% no consenso da Bloomberg de EPS (earnings per share) para 2026-27, e a nossa estimativa implica quase nenhum crescimento bottom-line até 2028; (2) a queda nos preços de energia implica cash flows mais baixos e, como resultado, maior alavancagem: a EDP pode vir a recalibrar investimentos – isto pode diluir ganhos no médio prazo; (3) nas nossas estimativas para 2026, a EDP negoceia com um prémio de 14 vezes o rácio de price to earnings para o sector (12,5 vezes) e pares diretos (entre 9 vezes-13 vezes)”, pode-se ler na nota hoje divulgada a que o JE teve acesso.
“Esperamos lucros sólidos para 2024 – com hedges atrativos, boa produção hídrica e margens de abastecimento em expansão – acreditamos que o declínio acentuado nos preços de eletricidade e a redução em investimentos orgânicos implica mais pressão nos ganhos de médio prazo”, pode-se ler na nota, apontando que “não vemos quase nenhum crescimento do resultado líquido até 2028”.
Sobre a alavancagem da empresa, o GS aponta que “uma previsão de lucros mais baixa leva-nos a esperar alavancagem (dívida líquida /EBITDA) a atingir 4,5 vezes em 2025-28. Para apoiar o balanço, acreditamos que a EDP pode ter de abrandar o desenvolvimento eólico/solar: o nosso cenário base assume uma redução de 30% nas adições anuais de capacidade versus o plano estratégico de 2023. Isto irá reduzir o crescimento de ganhos no médio prazo”.
“Acreditamos que a ação já reflete largamente atuais ventos adversos: o nosso novo preço-alvo de 4,40 euros por ação implica uma subida de 20% face ao nível atual”, daí manter a recomendação em ‘comprar’.
O grupo EDP prevê atingir novamente lucros recorrentes de 1.300 milhões de euros em 2024, em linha com os registados em 2023. O lucro recorrente da EDP atingiu um máximo em 2023 (1.290 milhões de euros +48%), sendo o valor mais alto da série histórica disponível, que recua até 2015.
Há vários segmentos a contribuir para esta visão da elétrica, incluindo os elevados níveis dos reservatórios das barragens em Portugal e Espanha, com a possibilidade de turbinar toda essa água, apesar de a empresa não estar à espera de um ano com chuva acima da média.
“O ano de 2024 está a começar a tomar forma de uma boa maneira”, disse Miguel Stilwell de Andrade numa chamada com analistas no início de março. “Temos elevados níveis nos reservatórios de capacidade hídrica”. Os reservatórios ibéricos estão a 85% da sua capacidade, mais 20 pontos acima da média histórica.
Em 2023, o lucro não-recorrente da empresa disparou 40%, para 952 milhões de euros, à boleia da produção hídrica em Portugal, o impacto da incorporação total da EDP Brasil e os ganhos das vendas de ativos renováveis.
A pesar nos lucros não-recorrentes estão os 310 milhões de euros de perdas associadas a imparidades na central a carvão de Pecém, nos projetos eólicos na Colômbia e nas centrais de ciclo combinado em Portugal.
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