“É a primeira vez que estamos a ligar, de uma forma comercial, um parque eólico a um parque solar, e é a primeira vez, na Península Ibérica, que qualquer operador está a fazer isso. E, portanto, nessa parte somos pioneiros. Fomos os primeiros a começar este caminho há cerca de quatro ou cinco anos, em que tivemos os desafios de alterar o enquadramento para que isso seja permitido”, referiu Duarte Bello, administrador executivo da empresa para a Europa e América Latina.
Durante uma visita ao local do equipamento, na Mina de Orgueirel, no concelho do Sabugal, distrito da Guarda, o responsável referiu que o momento é “marcante” para o grupo EDP.
“É um dia muito importante, porque estamos aqui a mostrar um elemento e um sinal que vai permitir acelerar a transição energética que hoje em dia está como uma prioridade para todos os países”, justificou.
Segundo o responsável, o parque do Sabugal foi construído em 2004, inicialmente para a produção de energia eólica e, em março de 2022, começou a ser instalada a vertente solar, com cerca de 17 mil painéis.
A vertente eólica tem capacidade para produzir cerca de 11 Megawatts (MW) e a solar 9 MW de potência: “Basicamente, duplicámos a capacidade do parque com a mesma infraestrutura de ligação à rede”.
“Eu acho que isso é o ponto que é muito importante. Hoje em dia, a ligação à rede é, provavelmente, uma das principais limitações que temos para conseguirmos acelerar a transição energética. Com este parque, nós, basicamente, conseguimos duplicar a capacidade que estamos a usar da rede”, afirmou.
E acrescentou: “Tínhamos uma capacidade mais ou menos de 25% e estamos já perto dos 50% quando combinamos os dois parques ao mesmo tempo. E isso é um aspeto decisivo para podermos acelerar a incorporação das [energias] renováveis na matriz energética deste país ou de qualquer país”.
O parque híbrido ocupa uma área de 13 hectares e permite abastecer “cerca de 30 mil pessoas”, o que corresponde a uma pequena cidade ou vila nacional.
Segundo o administrador executivo da EDPR para a Europa e América Latina, a incorporação das energias renováveis “é um fator decisivo para diminuir o custo da energia”.
A EDPR está a construir este ano um parque idêntico nos concelhos de Penela e Ansião, nos distritos de Coimbra e de Leiria, respetivamente, e três em Espanha, mas não adiantou valores para os investimentos.
Duarte Bello referiu que o grupo, entre 2021 e 2025, vai investir “mais de 24 mil milhões de euros” em projetos de transição energética.
A central solar fotovoltaica Mina de Orgueirel foi instalada no concelho do Sabugal, junto ao Parque Eólico de Mosteiro, interligando diretamente com a sua subestação, aproveitando as infraestruturas elétricas existentes e criando assim um complexo híbrido de produção de eletricidade.
“Em conjunto, este projeto de hibridização poderá produzir 39,5 GWh/ano, o suficiente para fornecer mais de 30 mil pessoas com energia renovável durante um ano. Este complexo híbrido vai também evitar a emissão de cerca de 18 mil toneladas de CO2 anualmente”, referiu a EDPR.
A EDP “tem neste momento em estudo ou desenvolvimento mais de 1.600 MW em projetos híbridos em Portugal e Espanha nestas tecnologias, com diferentes fases de maturidade e com previsão de entrada em operação ao longo dos próximos anos”.
A empresa pretende continuar a apostar em projetos semelhantes em todas as suas geografias e está já a desenvolvê-los na América do Norte, América do Sul e em algumas outras regiões da Europa como Polónia, Itália e Grécia.
O grupo EDP foi pioneiro a nível europeu no desenvolvimento de projetos renováveis híbridos, tendo inaugurado em 2022, na Barragem do Alqueva, o maior projeto solar flutuante da Europa numa albufeira de uma central hídrica.
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