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M&A. EDP, Tranquilidade, Brisa e Altice: os protagonistas esperados em 2019

Energia, seguros, infraestruturas e imobiliário (com venda de NPL da banca) são os setores que irão dominar as fusões e aquisições em 2019.
  • Cristina Bernardo
17 Março 2019, 19h00

Dificilmente se poderá afirmar que 2019 vá ser um ano árido em fusões e aquisições. Se os negócios que estão a germinar se vierem a concretizar, poderemos assistir a um ano farto em fusões e aquisições envolvendo sobretudo empresas nas áreas da energia, seguros e infraestruturas.

A EDP surge à cabeça como a principal protagonista de uma alienação de ativos. A atualização do plano estratégico até 2022, anunciado em Londres, prevê a venda de ativos e um reforço do investimento nas renováveis. A EDP pretende encaixar mais de 2.000 milhões de euros com a venda de ativos não estratégicos em regime de mercado e centrais térmicas localizadas, sobretudo, na Península Ibérica, anunciou o presidente António Mexia.

Segundo o “Jornal de Negócios”, que cita a Bloomberg, o fundo de infraestruturas da Blackstone Group, ancorado no fundo soberano da Arábia Saudita (Public Investment Fund of Saudi Arabia), já se posicionou e está empenhado em adquirir a EDP Renováveis, ou pelo menos parte dela. A notícia fala sobretudo da carteira de ativos nos Estados Unidos.

A gestão da EDP disse em Londres que a alienação de ativos deverá ser concretizada “nos próximos 12 a 18 meses”, ao mesmo tempo que prevê ainda um investimento total de 12 mil milhões nos próximos quatro anos, que será destinado essencialmente ao reforço da produção renovável.

Já antes da apresentação deste plano, o mais recente acionista da elétrica, o fundo americano Elliott, chegou a recomendar, numa carta aos restantes acionistas, a venda de ativos do Grupo EDP no valor de mais de sete mil milhões de euros. Na Península Ibérica, o fundo apontava para a alienação de centrais térmicas, a carvão e gás natural, bem como para abertura de 49% do capital das redes de distribuição. Outra proposta feita pelo fundo, que considera a oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges um mau negócio, passava pela venda da EDP Brasil.

Num cenário pós-fracasso da OPA, que é já dado como certo pelo mercado, poderá ocorrer um acordo com os acionistas chineses para o Brasil. O que, segundo especialistas, poderá ser ou venda tout court aos chineses ou uma fusão dos ativos da EDP e da CTG naquele mercado, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

Arcus quer vender a Brisa?

Os especialistas em fusões e aquisições vaticinam ainda, para este ano, que a Brisa possa ser alvo de uma mudança acionista. O fundo Arcus Infrastructure Partners é parceiro do grupo José de Mello na Brisa, tendo participado juntos no lançamento da OPA que permitiu tirar a concessionária da bolsa em 2012. Este acionista que tem 19,09% da Brisa poderá querer desinvestir no mercado e estar vendedor da sua participação. Há ainda uma incógnita sobre o que poderá fazer o Grupo Mello.

Isto numa altura em que se mantém o braço de ferro entre a concessionária portuguesa e os fundos que adquiriram a dívida das concessionárias Brisal e Douro Litoral que gerem as autoestradas A17, A41 e A43 e a Brisa.

Altice vende fibra da MEO

Na lista de operações de fusões e aquisições, um dos maiores negócios do ano será a venda pela Altice da rede de fibra óptica da MEO. As propostas não vinculativas são entregues este mês e está previsto um desfecho até ao fim de junho.

O negócio é de elevada dimensão e, como tal, é esperado que os interessados se organizem em consórcios na fase das propostas vinculativas. Mais uma vez, os interessados são fundos de private equity e há também um operador europeu do setor.

A operadora dona da MEO tem dito que quer manter o controlo operacional da rede.

A Altice tem também à venda a sociedade gestora de fundos de pensões Previsão. A Altice detém 82,5% e vende a posição da Patris, que é de 15%.

Tranquilidade aguarda propostas e venda da GNB Vida espera ainda por luz verde

Outro negócio previsto para este ano é a venda, pela Apollo, da Seguradoras Unidas, que tem a Tranquilidade e a Açoreana.

O objetivo do Fundo Apollo Global Management é que o processo de venda esteja concluído até ao verão. A operação já arrancou e está na fase da receção das propostas não vinculativas, sendo que, segundo o jornal espanhol “Cinco Días”, a Mapfre, Ageas, Generali, Zurich e Allianz estão entre os interessados em ficar com a seguradora nacional.

No ramo dos seguros o negócio da venda da GNB Vida também continua a correr.

O acordo para a venda da seguradora do ramo vida do Novo Banco, à Global Bankers, foi fechado em setembro do ano passado por 190 milhões de euros, mas o negócio ainda aguarda a autorização do supervisor dos seguros. Ao Jornal Económico, o presidente da ASF disse que tinham consultado os supervisores europeus e aguardavam esses pareceres. A venda da GNB Vida marca a agenda dos negócios, quer a venda à Global Bankers se faça ou não. Pois, se o negócio não for aprovado, a GNB Vida volta ao mercado para ser vendida.

António Ramalho, CEO do Novo Banco, disse ainda na apresentação de resultados que vai vender 25% da GNB Seguros, ramos reais (os 75% são da Crédit Agricole).

O Novo Banco deverá atingir o breakeven em 2020 e o mercado espera que nessa altura o Lone Star equacione a venda do banco liderado por António Ramalho. Mas a banca não deverá ser um setor em grande agitação no que toca às fusões e aquisições.

O que continuará a marcar o setor das aquisições é a venda de carteiras de NPL – malparado. O Novo Banco, o Banco Montepio, a CGD, o BCP já admitiram a possibilidade de vender carteiras de crédito. O CEO do Novo Banco anunciou recentemente que vai vender carteiras de crédito este ano, a que chama Projeto Nata 2 e Projeto Viriato 2.

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