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EDP vai investir 5,6 mil milhões no Brasil. Hidrogénio é ambição

“A EDP investiu numa estratégia de recolha da totalidade dos proveitos futuros que a EDP Brasil deverá gerar, numa fase em que as margens tenderão a aumentar”, disse ao Novo Economia Marco Silva, consultor de investimentos.
22 Julho 2023, 08h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 15 de julho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

A EDP pretende investir um total de 30 mil milhões de reais (5,6 mil milhões de euros) no Brasil nos próximos cinco anos. Concluída a oferta pública de aquisição (OPA) da elétrica sobre a EDP Brasil, o grupo liderado por Miguel Stilwell d’Andrade está com a motivação em alta para prosseguir os seus objetivos.

A OPA chegou a bom porto permitindo ao grupo sediado em Lisboa cumprir o seu objectivo: retirar a subsidiária de bolsa. “A OPA da EDP sobre a EDP Brasil foi um sucesso, desde logo porque a empresa mãe conseguiu o objectivo de ficar com mais de 80%, logo à primeira, num claro investimento financeiro de médio-longo prazo, seguindo assim com a estratégia de retirar a EDP Brasil de bolsa, ficando com maior liberdade de acção, nomeadamente no que diz respeito ao futuro da empresa brasileira, que deverá passar por uma expansão do negócio. De igual modo, a EDP investiu numa estratégia de recolha da totalidade dos proveitos futuros que a EDP Brasil deverá gerar, numa fase em que as margens tenderão a aumentar”, disse ao Novo Economia Marco Silva, consultor de investimentos.

Já Miguel Stilwell de Andrade garantiu que a EDP está preparada para manter a aposta no país do futuro. “Vamos investir cerca de 30 mil milhões de reais [5,6 mil milhões de euros] ao longo dos próximos cinco anos”, disse o CEO do grupo EDP em entrevista à “Reuters” publicada na sexta-feira. “Queremos criar o máximo de valor aqui e contribuir para a transição energética do Brasil”.

Tal como previsto no plano estratégico da companhia até 2026, o objectivo é o foco no crescimento das redes reguladas, na energia solar descentralizada (objectivo são 400 megawatts), assim como na energia solar centralizada e eólica. A empresa também prevê reduzir a sua exposição ao Brasil, com o mercado a passar de pesar 25% no EBITDA do grupo para os 14% em 2026.

A EDP Renováveis conta com 1,1 gigawatts de capacidade instalada no Brasil, prevendo instalar outros 1,1 gigawatts: 900 megawatts de energia eólica e 200 megawatts de energia solar.

A companhia está presente no mercado brasileiro desde 1995, contando com duas concessões de distribuição de electricidade, com mil milhões de activos regulados. Ao mesmo tempo, tem 2,2 mil kms de redes de transporte de eletricidade, outros mil milhões de euros de activos regulados. Em termos de energia hídrica, conta com dois gigawatts instalados.

Miguel Stilwell também revelou que a companhia está a preparar um projecto que visa a exportação de hidrogénio verde para a Alemanha. “Estamos a participar num leilão [de hidrogénio verde] na Alemanha, que seria para ter um projecto industrial no Brasil e exportar. Um país como o Brasil, que tem todos esses recursos naturais [para energias renováveis], consegue produzir hidrogénio verde muito barato”, revelou à “Reuters” sem dar detalhes nem sobre o projeto, nem sobre valor do investimento. A EDP entraria no projecto através de um consórcio com empresas do sector químico e de transporte de gases. A eléctrica lusa ficaria responsável por fornecer electricidade carbono zero ao projecto.

Contactada pelo Novo Economia, o grupo EDP não quis fazer comentários nem sobre a conclusão da OPA nem sobre planos futuros.
A EDP não pretende abandonar nenhum dos segmentos onde opera no Brasil, mas pretende desfazer-se de alguns activos para reciclar capital para outras áreas. Um dos activos à venda é a central a carvão de Pecém. Outra hipótese é a venda de algumas centrais hidroeléctricas detidas em conjunto com a China Three Gorges (a sua maior accionista).

Por sua vez, o CEO da EDP Brasil, João Marques da Cruz, adiantou à agência noticiosa que a empresa está a estudar o leilão de Dezembro para a rede de transporte de electricidade. No segmento de distribuição, a empresa espera por definição para renovar concessões, como no estado do Espírito Santo, onde termina nos próximos anos.

A EDP – Energias do Brasil conta com 2,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada, um EBITDA de 5,3 mil milhões de reais (992 milhões de euros) em 2022, está presente em 15 estados, com 3.300 trabalhadores, e 3,8 milhões de clientes nos estados de São Paulo e de Espírito Santo.

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