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Eixo Atlântico pede intervenção do Presidente para desbloquear ligação Vigo-Portugal

“Procuramos explicar as posições políticas que o Eixo tem tomado junto dos dois governos a reivindicar investimentos substanciais nas ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha, em particular a componente da ligação de passageiros Norte/Sul, ou seja a chamada linha Corunha-Lisboa”, descreveu o presidente da associação transfronteiriça.
30 Março 2021, 20h19

O Eixo Atlântico solicitou esta terça-feira ao Presidente da República que interceda junto dos governos português e espanhol no “rápido desbloqueio” da ligação ferroviária Vigo-Portugal e aproveitou para “manifestar preocupação” com a situação do corredor ferroviário atlântico.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Eixo Atlântico, Ricardo Rio, resumiu o teor de uma reunião que teve esta tarde com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, em Lisboa, sessão que quer repetir com o primeiro-ministro, António Costa.

“Procuramos explicar as posições políticas que o Eixo [Atlântico] tem tomado junto dos dois governos a reivindicar investimentos substanciais nas ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha, em particular a componente da ligação de passageiros Norte/Sul, ou seja a chamada linha Corunha-Lisboa”, descreveu o presidente de uma associação transfronteiriça que reúne 39 municípios do Norte de Portugal e da Galiza.

O também presidente da Câmara de Braga disse que o Eixo Atlântico “acolheu como muito bem-vindas as posições do Governo português relativamente a novo traçado que está preconizado no Plano Nacional de Investimentos e que prevê precisamente uma aceleração e uma nova solução ferroviária entre Portugal e Galiza”, mas manifestou preocupações com a posição do lado espanhol.

“Nessa matéria, a principal falha vem do lado espanhol com os atrasos na resolução do problema da chamada saída sul de Vigo que é um obstáculo à conectividade da ferrovia entre os dois países”, referiu.

Paralelamente, Ricardo Rio, que à reunião com Marcelo Rebelo de Sousa foi acompanhado do secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, contou à Lusa que também o chamado “Corredor do Atlântico” foi um dos temas abordados, dada a “importância desta ligação na competitividade económica e na valorização da rede de portos portugueses e galegos”.

“Podem ser a porta de entrada de muito comércio internacional para a Península Ibérica e para a Europa”, resumiu.

No entanto, quer Ricardo Rio, quer Xoan Mao lamentam “o facto do governo espanhol estar a priorizar o chamado Corredor do Mediterrâneo em detrimento das ligações Sines/Badajoz, Aveiro/Salamanca e também na vertente galega”, considerando que essa opção “põe em causa o tecido empresarial qualificado das regiões Centro e Norte de Portugal e da Galiza.

“Manifestamos a nossa preocupação porque a Espanha está a apostar nitidamente no Mediterrâneo e isso interfere com a competitividade dos portos portugueses e galegos”, acrescentou, à Lusa, Xoan Mao.

Questionados sobre se saíram da reunião com o Presidente da República confiantes, ambos referiram ter percebido que as tomadas de posição do Eixo Atlântico são merecedoras do “apreço” de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Obtivemos o reconhecimento da relevância estratégica para Portugal da concretização destes investimentos. Acreditamos que [o chefe de Estado português] não deixará de fazer o que estiver ao seu alcance para sensibilizar os governos dos dois países para que estes projetos se concretizem”, referiu Ricardo Rio.

Além da reunião já solicitada a António Costa, o presidente do Eixo Atlântico revelou à Lusa que esta estrutura pretende reunir com o presidente do PSD por considerar que “esta é uma matéria de Estado e prioritária para o país que deve juntar todas as forças políticas”.

Ricardo Rio admitiu que o Eixo Atlântico “gostaria de fazer abordagens semelhantes no lado espanhol”, mas recordou que a conjuntura política, devido a eleições naquele país, “é neste momento diferente”.

Já em comunicado, esta associação transfronteiriça que totaliza uma população de sete milhões de habitantes apontou que aproveitou o encontro em Belém para falar da necessidade de não se esperar até à Cimeira Ibérica para debater estas questões.

No mesmo documento, o Eixo Atlântico conta que solicitou ao Presidente da República “uma intervenção junto das autoridades espanholas para priorizar de forma coordenada os projetos e obras do corredor ferroviário atlântico”.

“De momento, o governo espanhol pretende apresentar apenas um concurso para um ‘estudo de alternativas’ para ligar a Galiza a Portugal de comboio, o que corresponderia regredir a 12 anos atrás, quando se realizou a fase de estudo de impacto ambiental, e com tudo aprovado, deixou-se expirar. O projeto consiste na construção de um novo troço de ferrovia de alta velocidade entre Vigo e a fronteira portuguesa, a chamada saída sul de Vigo, que ligará o centro da cidade a Tui”, lê-se no documento.

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