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Elefantes não sprintam como gazelas

As grandes empresas devem criar equipas que adotem o comportamento de gazelas: pequenos grupos empreendedores, abertos a novos conhecimentos, tecnologias, oportunidades e ameaças. Com processos ágeis, objetivos ambiciosos e visões do futuro.
17 Janeiro 2017, 16h10

Os elefantes são grandes fortes e sólidos. Têm boa memória. As gazelas são rápidas, esguias e frágeis. Sobreviventes. Ambos vivem em grupos de pares e têm predadores à espreita dos mais frágeis. Não é qualquer predador que faz frente a um elefante, e poucos têm a velocidade das gazelas. Os elefantes pensam cuidadosamente e têm memória de crises passadas (secas) e de salvaguardas (reservas de água). O dia da gazela é o jogo da sobrevivência.

O paralelo com o mundo animal nem sempre é uma boa analogia no caso das empresas: por exemplo, estes animais vivem na sua zona de conforto, na realidade, os unicórnios não existem, etc. No mundo empresarial, as gazelas (startups de crescimento acelerado) tem vantagem na decisão rápida e facilidade no pivô do modelo de negócio. Mas podem morrer amanhã. Os elefantes (grandes empresas, negócios consolidados) têm robustez e vivem em relativa segurança.

O que motiva as diferenças e como podem as grandes empresas emular a velocidade de gazelas?

As grandes empresas não vivem à velocidade das gazelas porque não têm essa necessidade no curto prazo – a velocidade de ponta das gazelas é de 97 km/h vs 40 km/h dos elefantes. Mesmo assim, os elefantes só aceleram para novas oportunidades nalgumas circunstâncias.

As gazelas têm grande flexibilidade a decidir, a identificar oportunidades, recursos necessários, riscos potenciais e a executar rapidamente. Rapidez é essencial! A agilidade é vital para uma gazela tentar fintar uma chita, por exemplo, ou mudar a orientação do negócio para oportunidades imediatas. Ou ainda adotar uma tecnologia emergente, com vantagens competitivas. O instinto de sobrevivência é forte nas gazelas, leva fundadores e colaboradores a trabalhar longas horas e a procurar soluções criativas para chegar ao dia seguinte. Tudo é incerto e volátil.

O que podem fazer grandes empresas para emular os sprints das gazelas?

Em primeiro lugar abraçar os desafios de realizar inovação, ter unidades internas de investigação e inovação, para detetar necessidades e oportunidades, por exemplo, através da análise de tendências e sinais fracos de mudança.

Decidir com rapidez, por exemplo, ter critérios de decisão para novos projetos, considerar que inovações devem ter os processos de análise e decisão diferentes do “business as usual (e assumir o seu risco). Falta de celeridade contribuiu para a Nokia perder o mercado dos Smartphones para concorrentes.

Considerar a sobrevivência a longo prazo pensando em cenários para o futuro: imaginá-lo e o que deve fazer a empresa para influenciar esses futuros possíveis. Apesar da sua posição no mercado, a Kodak perdeu o comboio da fotografia digital para várias empresas.

A agilidade emula-se, por exemplo, ao criar e adotar inovações, ao usar processos de aceleração empresarial ou de inovação aberta, que permitam atrair e absorver a criatividade de startups e novos conhecimentos.  Aceitam-se apostas sobre a abordagem cautelosa da Siemens vs o “lean FastWorks” da GE em IoT.

Concluindo: as grandes empresas devem criar equipas que adotem o comportamento de gazelas. Pequenos grupos empreendedores, abertos a novos conhecimentos, tecnologias, oportunidades e ameaças. Com processos ágeis, objetivos ambiciosos e visões do futuro.

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