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Eleições alemãs: Merkel elege ‘bots sociais’ como principais adversários

O maior adversário da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, na campanha eleitoral do ano que vem pode não ser um líder partidário rival, mas os chamados “bots sociais” – softwares programados para influenciar a opinião em redes sociais.
Stefanie Loos/Reuters
25 Novembro 2016, 19h37

No seu primeiro discurso ao Parlamento desde que anunciou, no domingo, a sua intenção de se candidatar a um quarto mandato, Merkel pediu um debate sobre a forma como as notícias falsas, ‘bots’ e ‘trolls’ podem manipular a opinião pública, informa a Reuters.

“Para poder chegar às pessoas, inspirar as pessoas, precisamos lidar com este fenómeno e – quando necessário – regulamentá-lo”, disse a chanceler aos deputados.

O papel que o Facebook e o Twitter desempenham na disseminação de informações falsas e mal-intencionadas ganhou pertinência na agenda de Merkel depois da eleição de Donald Trump como presidente dos EUA.

Os bots sociais imitam o comportamento humano em redes sociais, por exemplo publicando mensagens ou ‘postando’ ‘likes’. Os bots podem ser usados para espalhar informações equivocadas e turvar o debate. Alguns críticos dizem que a proliferação de notícias forjadas ajudou a inclinar a votação norte-americana a favor de Trump.

Como sinal de que a líder alemã está a encarar seriamente o assunto, Merkel convidou Simon Hegelich, professor de ciência de dados políticos da Universidade Técnica de Munique, a esclarecer o comité executivo da União Democrata-Cristã (CDU).

“Merkel está realmente interessada no tópico dos bots, das notícias falsas e do discurso de ódio na internet, e está muito bem informada”, disse Hegelich.

Embora todos os partidos alemães tenham dito que não irão usar bots na campanha, o facto destes serem maioritariamente anónimos torna mais difícil discernir quem está por trás deles. Hegelich não descarta que partidos os utilizem para desacreditar políticos rivais.

Na semana passada, o diretor da agência de inteligência doméstica da Alemanha expressou preocupação com uma possível interferência da Rússia na eleição nacional através da utilização de reportagens falsas.

Além disso, as notícias falsas tornaram-se um modelo de negócio lucrativo. Na campanha eleitoral dos EUA, bloguers sem filiação política perceberam que podiam ganhar dinheiro divulgando histórias sensacionalistas e falsas.

Segundo a Reuters, os principais partidos da Alemanha, o CDU e o centro-esquerdista Partido Social-Democrata (SPD), estão atrás da AfD (partido da extrema direita) em termos de actuação nas redes sociais. O AfD acumulou mais de 300 mil ‘likes’ no Facebook, enquanto a CDU e o SPD juntos mal chegam a 240 mil.

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