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Eleições regionais dos Açores: PS perde a maioria absoluta e direita ganha força

Perda de três mandatos na ilha de São Miguel foi decisiva para a queda do PS, que ainda assim foi o partido mais votado. PSD ganhou dois deputados, CDS perdeu um, e o Chega estreou-se na assembleia legislativa regional com dois eleitos. Bloco de Esquerda manteve resultado, PPM passou a ter grupo parlamentar, PAN e Iniciativa Liberal elegeram e a CDU deixou de ter representação parlamentar.
  • Vasco Cordeiro
25 Outubro 2020, 21h47

O PS deixou de ter maioria absoluta na assembleia legislativa regional dos Açores, perdendo cinco deputados e quase 7,5 pontos percentuais em relação às eleições regionais de 2016, e passa a depender de entendimentos com outras forças políticas para governar, o que não sucedia desde 2000. Mesmo uma solução de “geringonça” para manter Vasco Cordeiro à frente do governo regional será complicada, pois os 25 deputados socialistas têm poucos parceiros nesse quadrante do parlamento açoriano: o Bloco de Esquerda só conseguiu manter os dois eleitos e a CDU deixou de ter representação, sendo também insuficiente um entendimento com o CDS-PP, que perdeu um mandato, mantendo-se ainda assim como terceira força política, com três deputados.

Na assembleia legislativa regional dos Açores mais plural de sempre, com oito forças políticas representadas, três das quais pela primeira vez, o PSD liderado por José Manuel Bolieiro ganhou peso, passando para 33,7% e 21 deputados (respetivamente mais 2,8 pontos percentuais e mais dois parlamentares), enquanto a direita ganha novos protagonistas. O CDS-PP manteve 5,5% dos votos, perdendo apenas um dos dois deputados pelo círculo de compensação que obtivera há quatro anos, o Chega conquistou o voto de 5% dos eleitores açorianos, elegendo dois deputados, e o PPM subiu a votação para 2,3%, passando a ter dois deputados, enquanto o PAN e a Iniciativa Liberal, ambos com 1,9% dos votos, conseguiram um mandato cada graças ao círculo de compensação que agrupa votos que não permitiram eleger deputados nas diversas ilhas da região autónoma.

Para a perda da maioria absoluta do PS foi decisivo o resultado na ilha de São Miguel, a mais populosa dos Açores, que tem 20 deputados. Apesar de serem os mais votados, com 39% dos votos, os socialistas perderem três mandatos, conseguindo apenas nove, tantos quantos os do PSD, que convenceu 36,6% dos eleitores micaelenses, conquistando dois lugares em relação a 2016. O Chega passou a ser a terceira força, com 5,5%, elegendo o cabeça de lista, mas também o Bloco de Esquerda manteve um eleito, com 4,3% dos votos.

Na Terceira o PS voltou a ser o mais votado, com 41,3%, mas perdeu vantagem em relação ao PSD, que obteve 28,4%, enquanto o CDS-PP manteve o estatuto de terceira força, com 9,4%. Entre os dez deputados da segunda ilha mais populosa da região autónoma houve cinco eleitos socialistas (menos um), quatro sociais-democratas (mais um) e um centrista: o presidente do partido nos Açores, Artur Lima.

Por seu lado, nas Flores os três mandatos foram divididos por três partidos: o PS foi o mais votado, com 30%, com 28,2% para o PSD e 18,2% para o PPM, que elegeu um deputado, podendo formar um grupo parlamentar, pois manteve o mandato no Corvo. De fora ficou a CDU, que fora o partido mais votado nesta ilha nas regionais de 2016.

Já em Santa Maria ficou tudo igual, com o PS à frente, com 43,9% e dois deputados, ficando o PSD com 23,2% e um deputado. Também aqui o PPM foi o terceiro partido, com 12,6%, neste caso insuficientes para obter representação.

O Pico também não trouxe novidades à assembleia legislativa regional, com dois mandatos para o PS (que venceu, com 44,8%) e outros dois para o PSD, que obteve 36,5%.

No Faial venceu o PSD, com 41%, seguindo-se o PS, com 30,3%, o que permitiu a ambos os partidos elegeram dois deputados por essa ilha, exatamente como sucedera há quatro anos.

Em São Jorge também se manteve um deputado para PS, CDS-PP e PSD, com os socialistas a suplantarem os centristas por apenas 19 votos (32% contra 31,6%), enquanto os sociais-democratas obtiveram 18,4%.

Na Graciosa o PS venceu com 47,4% e elegeu dois deputados, seguindo-se o PSD, com 41,6% dos votos e um deputado.

Por seu lado, no Corvo continuará a haver um eleito do PS e outro do PPM, sendo que a única novidade foi a ordem de votação, visto que desta vez os monárquicos (em coligação com o CDS) foram os mais votados, com 40%, contra 35,1% dos socialistas.

Apesar de as eleições regionais terem decorrido em contexto de pandemia de Covid-19, pela primeira vez em Portugal, a abstenção desceu para 54,58%, mais reduzida do que a de 59,16% registada em 2016.

A projeção da Universidade Católica divulgada pela RTP-Açores atribuía entre 37 e 41% ao PS, o que representava entre 26 e 30 deputados, sendo necessários 29 para ter maioria absoluta na assembleia legislativa regional. O PSD surgia com 32 a 36%, e entre 19 e 22 deputados, enquanto CDS e Chega lutavam pelo estatuto de terceira força política açoriana, devendo ter entre 3 e 6% dos votos. Também era avançada a hipótese de haver representação parlamentar para o PPM, Bloco de Esquerda, PAN, CDU e Iniciativa Liberal, o que não se confirmou no caso dos comunistas.

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