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Eletricidade e financiamentos travam negócios em África

Relatório sobre perspetivas económicas, lançado recentemente pelo Banco Africano de Desenvolvimento demonstra que o desempenho económico do continente continua a melhorar e destapa a dívida dos governos africanos.
29 Março 2019, 10h25

As empresas em África enfrentam múltiplos desafios que impedem o seu dinamismo, reduzindo o lucro, a competitividade mundial, o crescimento e até mesmo a sobrevivência. Dos 15 obstáculos empresariais, apontado pelo recente relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o maior é a falta de financiamento, referida por 18% das pequenas empresas. O segundo maior obstáculo e o acesso a electricidade (15%). A instabilidade política representa 12% e os elevados impostos 11%.

Os dados constam no Relatório Sobre as Perspectivas Económicas em África deste ano, lançado pelo Banco Desenvolvimento. O documento que contém os inquéritos às Empresas do Banco Mundial, apurou que há mais pequenas empresas a mencionar obstáculos nas suas operações empresariais do que médias e grandes.

Os maiores obstáculos variam entre as regiões. O maior problema comunicado pelas empresas de todos os tamanhos no Norte de África, incluindo Egipto, Mauritânia, Marrocos, e Tunísia, e a instabilidade política (29%), seguido do financiamento e da electricidade. Na África Central, Austral e Ocidental, os dois maiores obstáculos são o financiamento e a eletricidade, com a instabilidade política a constituir o terceiro obstáculo na África Central e a concorrência dos operadores informais o terceiro na África Austral e Ocidental.

Ao passo que na África Oriental, o maior problema descrito pelas empresas de todos os tamanhos e a electricidade (26%), com mais de um terço das grandes empresas a registá-lo como o maior obstáculo, seguido do financiamento (11%) e dos elevados impostos (12%).

Desindustrialização é «calcanhar de Aquiles»

O desenvolvimento industrial tem potencial para criar empregos dignos em larga escala, estimular a inovação e melhorar a produtividade em todos os sectores. No entanto, apesar de o sector industrial demonstrar efeitos mais fortes do que os outros sectores quanto ao emprego África apresenta uma desindustrialização prematura.

Apesar de as percentagens da indústria (fabrico, construção e serviços públicos) no emprego e na economia serem mais reduzidas em África do que noutras regiões, as percentagens da indústria tem vindo a crescer muito lentamente.

A percentagem media no total do emprego e de cerca de 15% e media no total do valor acrescentado é cerca de 20%. A dinâmica do sector industrial segue, normalmente, uma relação que faz uma curva em U invertido para o emprego e para o valor acrescentado, e este e o caso dos países africanos, apesar da reduzida industrialização inicial. Tal implica que os países africanos esgotarão as oportunidades de expansão da industrialização mais cedo do que esperado e a um nível de industrialização muito mais reduzido do que os primeiros industrializadores.

A reduzida produtividade industrial em África pode estar associada a elevada proporção de pequenas empresas, que são, geralmente, menos produtivas e pagam salários mais baixos do que as grandes empresas. Estudos demonstram que as grandes empresas são mais produtivas e pagam salários mais elevados do que as pequenas empresas. Por exemplo, um aumento de 1% no tamanho da empresa está associado a um aumento de 0,09% na produtividade do trabalho.

As diferenças na produtividade e nos salários por tamanho da empresa devem-se, parcialmente, ao facto de as grandes empresas terem tendência a dispor de trabalhadores com mais competências e comafricoum maior nível de escolaridade e a ser empresas de capital mais intensivo na produção do que as pequenas empresas, apresentado uma produtividade mais elevada por trabalhador. O panorama empresarial africano e dominado por pequenas empresas, com muito poucas médias e grandes empresas. Mais de 40% das empresas africanas tem menos.

Edjaíl dos Santos

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