O atual presidente do PS Madeira, Emanuel Câmara, mantém o mistério sobre uma eventual recandidatura a mais um mandato à frente dos socialistas madeirenses. É claro que não irá concorrer caso Paulo Cafôfo, que foi o seu escolhido como cabeça-de-lista às eleições regionais, decida avançar, mas no meio do mistério sobre uma eventual recandidatua à presidência do PS-Madeira, Emanuel Câmara lembra, em entrevista ao Económico Madeira, que “é com as pessoas que se preocupa” e que “se estivesse pelo ego pessoal, ia a votos”.
Deixando de ser presidente, vai apoiar a solução que sair do congresso? Assume que não se recandidata para mais um mandato?
O que eu digo é que é contra-natura, não é correcto, não faz nenhum sentido e as pessoas não iam perceber, depois de ter apoiado Cafôfo para presidente do Governo, concorrer contra ele para a presidência do partido. As pessoas não iam perceber isso. Esse é o busílis da questão: as pessoas. É com elas que eu me preocupo, não me preocupa mais nada. Eu preocupo-me com as pessoas. O autarca tem de se preocupar com as pessoas. Estamos cá pelas pessoas, não estamos cá para os nossos egos pessoais. A diferença é só essa. Se estivesse pelo ego pessoal ia a votos. Já derrotei o Carlos Pereira posso derrotar outro qualquer. Certo? Mas eu não estou aqui pelo meu ego pessoal, estou cá pelas pessoas, pelos madeirenses e porto-santenses, mas também como presidente do PS, pelos militantes e simpatizantes do PS, é essa a minha grande responsabilidade. Neste cenário faz com que eu diga, e volto a frisar, que não faz nenhum sentido eu avançar contra Paulo Cafôfo. E mais não digo. Quanto ao resto tem que perguntar a quem sabe mais do que eu, que eu em relação a isso não sei mais nada.
Mas não é um pouco estranho, depois deste ciclo positivo, o atual presidente não se recandidatar?
Eu sempre disse que ia cumprir o meu mandato. As pessoas do Porto Moniz a partir de certa altura duvidaram que eu eventualmente poderia ficar deslumbrado por voltar à Assembleia Legislativa Regional, onde já estive quatro anos, entre 2000 e 2004, também eleito pela população do Porto Moniz, porque naquela altura havia os ciclos concelhios. Sempre disse que iria cumprir o meu mandato até ao fim e foi aquilo que eu fiz. Fui obrigado a suspender o meu mandato durante aquele tempo de campanha porque a lei assim o obrigava, depois voltei à Câmara e estou com todo o prazer a gerir os destinos do município do Porto Moniz e com certeza após o mandato estou eleito para a Assembleia Legislativa Regional, depois terei de pensar daqui a dois anos que opções é que vou tomar, se eventualmente parto para uma terceira candidatura para a Câmara Municipal do Porto Moniz.
Se partir, que legado é que deixa?
Uma das minhas marcas era tentar ligar os três parlamentares, algo com que ninguém se preocupava antes, ou seja haver uma reunião mensal entre deputados da Assembleia Regional, Assembleia da República, e Parlamento Europeu. Já fizemos isso. Esta ligação interparlamentar é uma marca da minha liderança. Apostamos na juventude, na abertura à sociedade, com um grupo parlamentar com gente da sociedade civil, que não eram militantes do PS, este ADN que eu defendi sempre, com as mulheres socialistas com o seu espaço. Tudo o que eu sou foi à minha custa, ninguém me deu nada. Nunca perspetivei ser presidente do PS, mas houve uma série de circunstâncias que me permitiram, que fizeram com que eu abraçasse este projeto do qual não estou arrependido. E ganhei mais experiência, experiência essa que até me permite num futuro próximo, e sempre que os militantes assim o acharem, voltar a ser candidato à liderança do PS. Eu não estou agarrado a nada. Mais, não se pode esquecer que nas últimas eleições para a Assembleia da República o Partido Socialista ganhou em cinco concelhos, também foi inédito no panorama político regional. Portanto isto é de facto no meu ciclo, e quando eu digo no meu falo em todos aqueles que me acompanharam neste projeto, inédito. É este, digamos, o legado, que ao terminar o próximo Congresso, naturalmente faz parte da história do Partido Socialista.
Leia aqui toda a entrevista de Emanuel Câmara, que saiu na edição impressa do Económico Madeira do mês de dezembro.
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