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Embargo dos EUA ao petróleo da Venezuela entrou este domingo em vigor

O petróleo representa 96% do rendimento nacional e o FMI prevê uma queda de 25% no PIB este ano na Venezuela.
HO/Reuters
28 Abril 2019, 15h26

O embargo dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano entrou este domingo, 28 de abril, em vigor, com o objetivo declarado de pressionar a queda do regime do Presidente Nicolás Maduro, visando o pilar da frágil economia venezuelana.

O embargo proíbe qualquer empresa dos EUA de comprar petróleo da companhia petrolífera estatal PDVSA ou de qualquer uma das suas subsidiárias, e qualquer entidade estrangeira de usar o sistema bancário dos EUA para comprar o ‘ouro negro’ venezuelano.

Esta é uma das medidas anunciadas pelo Presidente norte-americano Donald Trump para derrubar o Governo venezuelano em favor do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reconhecido pela maioria da comunidade internacional, incluindo Portugal.

Na sexta-feira, Washington colocou o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, numa lista negra do sistema financeiro internacional.

No final de 2018, a Venezuela exportou meio milhão de barris por dia para os Estados Unidos, e três quartos de suas receitas de petróleo tiveram origem em clientes norte-americanos.

A subsidiária norte-americana da PDVSA, Citgo, tem refinarias, oleodutos e terminais petrolíferos em solo norte-americano, e milhares de postos de gasolina envergam a sua marca.

Washington congelou os fundos norte-americanos da Citgo, confiando o seu controlo a Juan Guaidó, que nomeou uma nova gestão à frente da subsidiária norte-americana, que pode continuar a operar.

Contudo, “o facto é que as compras de petróleo da Venezuela por parte dos Estados Unidos são muito limitadas e caíram acentuadamente”, disse um advogado venezuelano em Washington especializado em direito internacional, Mariano de Alba.

As sanções ainda terão efeito, já que se aplicam a todas as empresas estrangeiras com ligações com os Estados Unidos, que cobrem quase todo o planeta. “É certo que as sanções serão aplicadas e que os riscos aumentarão para as empresas”, acrescentou de Alba.

Depois dos Estados Unidos e da China, a Índia foi o terceiro maior importador de petróleo venezuelano em 2017. E as empresas indianas já começaram a retirar-se, antecipando-se às sanções, tornando a China e a Rússia os principais apoiantes do Presidente Maduro.

Maduro foi reeleito em julho de 2017, numa votação que não foi reconhecida nem pela União Europeia nem pelos Estados Unidos.

O petróleo representa 96% do rendimento nacional e o FMI prevê uma queda de 25% no PIB este ano na Venezuela, além de uma hiperinflação de 10.000.000% e uma taxa de desemprego de 44,3%.

Cerca de 2,7 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2015, diante da escassez de necessidades básicas e medicamentos, segundo dados da ONU.

Paradoxalmente, não é a exportação, mas a importação de petróleo que tem maior impacto na Venezuela: a economia depende de importações de 120.000 barris por dia de petróleo leve, que tem de ser misturado com o bruto para o tornar utilizável. Caracas terá que recorrer a outros fornecedores, o que aumentará os custos de produção.

Segundo a consultora Rapidan Energy Group, a produção da PDVSA pode cair dos 3,2 milhões de barris diários registados em 2008 para os 200 mil barris por dia, agora.

A produção já tinha caído para 840 mil barris em março.

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