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Emilia Clarke: Mãe dos dragões pronta para voar ainda mais alto

“A Guerra dos Tronos” está quase a terminar e já existe uma vencedora. Mesmo que a sua personagem acabe morta pelos próprios aliados, a atriz britânica já é uma estrela global enquanto “Khaleesi” dos sonhos de milhões.
2 Junho 2019, 10h00

Faltam apenas dois dias para o mundo inteiro ficar a saber se Daenerys Targaryen, a primeira do seu nome, senhora dos sete reinos, quebradora de grilhões e mãe de dragões, triunfa sobre tudo e sobre todos no episódio final de “A Guerra dos Tronos” ou se, pelo contrário, acabará por ser assassinada por um dos que ainda lhe são próximos, estarrecidos pela metamorfose da libertadora de escravos na rainha louca capaz de arrasar uma cidade inteira que acabara de render-se, incinerando milhares de mulheres e crianças indefesas. Mais evidente é que Emilia_Clarke, a britânica de 32 anos que interpreta a personagem desde 2011, não tem conseguido conter a insatisfação com o desfecho da saga que adapta os livros de fantasia do norte-americano_George R. R. Martin, e tem servido de porta-estandarte ao HBO.

Para os 22,5 milhões de seguidores que Emilia_Clarke conquistou no Instagram foi reservada uma fotografia da atriz a segurar uma garrafa de Don Pérignon, exibindo um esgar de horror, exacerbado por aparecer com o cabelo apanhado numa touca, acompanhada da confissão de que o champanhe “foi necessário para gravar o quinto episódio e… também para o ver”. Desde há alguns meses que se acumulavam indícios de que a britânica franzia o nariz aos últimos desenvolvimentos da personagem, ainda que garantisse que os produtores tinham optado por diversos finais alternativos para minorar as hipóteses de fuga de informação.

Aparecer no penúltimo episódio da série como uma criminosa de guerra, comparável ao que teria acontecido se os Aliados tivessem arrasado Dresden e largado a bomba atómica em Hiroxima após a capitulação incondicional de Hitler e de Hirohito, lançou uma pesada sombra sobre um símbolo de afirmação feminista, ao ponto de Khaleesi (“rainha” no idioma fictício dothraki) ser escolhido para nome de milhares de bebés nascidas nos últimos anos. No início de “A Guerra dos Tronos” Daenerys era a irmã adolescente e indefesa de um pretendente ao trono que a ofereceu em casamento a Khal_Drogo, líder do povo nómada dothraki, em troca de apoio à sua pretensão ao Trono de Ferro, mas não tardou a conquistar cidade após cidade e a triunfar num mundo de homens, deixando atrás de si o rasto das cinzas daqueles que recusaram ajoelhar-se perante a sua presença. “O papel deu-me um verdadeiro conhecimento daquilo que representa ser uma mulher que enfrenta a desigualdade e o ódio. E, à medida que ganha poder, torna-se impossível continuar a esconder que se está a juntar às vozes que querem fazer com que as pessoas percebam que temos a igualdade social como objetivo”, disse, numa entrevista ao ‘Daily Telegraph’.

Mas ainda mais do que o legado da personagem que a tornou famosa, e exponenciou o seu estatuto em Hollywood – o que pode ser verdade hoje e mentira amanhã, como prova o ocaso de Matthew Fox e de Evangeline Lilly depois do fim de “Lost – Perdidos”, outra série de culto –, Emilia Clarke tem pela frente uma fase da carreira em que poderá voar ainda mais alto, livre das intermináveis semanas que reservou ao longo de praticamente toda a década para ser a mãe dos três dragões que, até ver, estão reduzidos a um. Mesmo assim, protagonizou dois êxitos de bilheteira, retomando o papel de Sarah Connor em “O Exterminador Implacável: Genisys” (2015) e “Solo – Uma História de Star Wars” (2018), tendo entretanto terminado o drama “Above Suspicion” e a comédia romântica “Last Christmas”, ambos com estreia marcada para este ano.

Para quem sobreviveu a dois aneurismas cerebrais em 2011 e 2013, no início de “A Guerra dos Tronos”, e só teve direito ao bilhete para a fama após os maus resultados do episódio-piloto da série levarem à vaga de alterações que incluiu o afastamento da compatriota Tamzin Merchant, a quem estava destinado o papel de Daenerys, chegar a rainha das receitas de bilheteiras está longe de ser matéria de filmes de fantasia.

Artigo publicado na edição nº1989, de 17 de maio do Jornal Económico

 

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