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Empreendedor

Para fomentar o empreendedorismo é necessário reunir um conjunto de condições prévias, muito especialmente no que respeita ao contexto.
11 Fevereiro 2020, 07h15

O termo empreendedor – “entrepreneur” – foi introduzido na literatura por Richard Cantillon no “Essai sur la Nature du Commerce en Général” (1730). Através do tempo aumentou a sua notoriedade académica e essencialmente prática, devido às mudanças estruturais na sociedade e à ambição de determinados indivíduos de se governarem sozinhos.

Atualmente, não sendo a única fórmula de combater o desemprego e evitar problemas sociais de maior; é, com certeza, uma das principais soluções para dinamizar a inovação, potenciar o crescimento e gerar mais emprego, especialmente numa fase de crescente inatividade produtiva das pessoas, progressivamente substituídas pelas máquinas, no contexto da quarta revolução industrial.

Todavia, para fomentar o empreendedorismo é necessário reunir um conjunto de condições prévias, muito especialmente no que respeita ao contexto. Os países devem criar condições macroeconómicas favoráveis ao empreendedorismo – eliminar barreiras à entrada e processos empresariais simplificados, informação, valores sociais e boas práticas empresariais divulgadas, educação e formação de excelência, disponibilidade e acesso de recursos e inovação aplicada e transferência tecnológica facilitadas, são algumas delas. Por outras palavras, alinhar as estratégias de desenvolvimento com a ideologia da Nação, criando as condições para o empreendedorismo.

Ilustrando, vale a pena recordar uma passagem do livro Humilhados e Ofendidos de Dostoiévski. O autor inicia o seu romance procurando casa para se instalar, desejando encontrar as condições adequadas para ruminar e escrever os seus romances, hoje clássicos da literatura mundial. Começa por visitar algumas opções, mas acha os quartos pequenos, húmidos, não satisfazendo de forma alguma o que considera serem as necessidades de um escritor. Continua a sua procura até, finalmente, encontrar o que pretende, uma casa grande, com quartos igualmente grandes e arejados. Pois, segundo Dostoiévski, numa casa pequena até as ideias se tornam pequenas. Tal como Dostoiévski, os empreendedores precisam de um enquadramento favorável e adequado ao complemento e desenvolvimento das suas ideias e aspirações.

Concluindo, um ser perfeitamente normal, homem ou mulher, em circunstâncias extraordinárias pode revelar-se grande. Infelizmente o contrário também acontece. Ou seja, um potencial grande homem ou mulher pode nunca concretizar-se, tornando-se, a prazo, normal, por falta de contexto.

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