A tecnologia está a impulsionar cada vez mais a criação de postos de trabalho. A nível europeu, o número de pessoas empregadas neste setor subiu 4% em 2018, em termos homólogos, e Portugal está acima da média europeia com um acréscimo de 6,4% – ficando apenas atrás de França (7,3%) –, revela o relatório “O Estado da Tecnologia Europeia 2018”, divulgado esta terça-feira.
Num ano em que mais 17 empresas europeias atingiram a valorização de milhares de milhões de dólares, esta radiografia veio mostrar que, entre as diversas profissões, destacam-se os programadores, que já são 5,7 milhões na Europa. Portugal também surge neste quadro com um crescimento, desta vez a dois dígitos (16,2%).
No entanto, ainda que se assista a uma subida no número de programadores no país, há vagas que se mantêm por completar nas tecnológicas. Segundo o trabalho elaborado pelos investidores da Uniplaces, Portugal teve o segundo maior aumento homólogo na percentagem de ofertas de empregos difíceis de preencher (i.e. oportunidades de trabalho na Indeed para engenheiros de software que não resultaram em recrutamento durante, pelo menos, 60 dias), logo a seguir ao Reino Unido.
O estudo concluiu também a indústria de software europeia contribui com cerca de 400 mil milhões de euros para a economia da Europa, mas ainda só representa 2,5% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) do continente. Internamente, só este ano contabilizam-se 400 milhões de dólares (cerca de 352 milhões de euros) de investimento em tecnologia made in Portugal, um valor acima dos 15 milhões de dólares registados no ano passado, impulsionados pela ronda de financiamento de 360 milhões de dólares do unicórnio Outsystems.
“O investimento massivo na Outsystems sugere que o potencial de Portugal está a ser concretizado. Os portugueses estão a mobilizar talentos e a criar um ecossistema poderoso, sustentado na taxa de crescimento mais rápida da Europa em termos de programadores profissionais”, afirma Tom Wehmeier, sócio e diretor de Investigação da Atomico.
Lisboa perdeu a estatueta para o Porto, que conquistou o terceiro lugar no ranking dos dez polos de crescimento anual mais rápido na Europa, com base nos membros ativos de grupos Meetup relacionados com tecnologia (72%), depois de Sófia (Bulgária) e de São Petersburgo (Rússia). Para o autor do relatório, o desenvolvimento da comunidade tecnológica da ‘Invicta’ é um “forte sinal da crescente maturidade” de Portugal, onde a tecnologia se continua a expandir para lá da capital, à semelhança do que acontece noutros países da Europa.
Porém, segundo Tom Wehmeier, continua a sentir-se uma necessidade de colmatar o fosso de financiamento nos investidores institucionais. Nos últimos cinco anos, os fundos de pensões investiram 1,7 mil milhões de dólares em capital de risco e 75 mil milhões de euros em fundos de resgate europeus, demonstrando que não estão a conseguir democratizar o boom tecnológico da Europa.
“Os family offices e os indivíduos de elevado património líquido investiram 5 mil milhões de dólares nos últimos cinco anos em capital de risco, mas os fundos de pensões estão a ser muito mais lentos. Se, em vez disso, os fundos de pensões reequilibrassem as suas afetações de capital de indústrias estabelecidas para tecnológicas com elevado potencial poderiam democratizar o acesso ao espólio tecnológico europeu”, explica o porta-voz da empresa britânica.
A análise da Atomico, elaborada através de 5.000 entrevistas com o apoio de vários parceiros (CBRE, Bolsa de Londres, LinkedIn, AdvancedHR, Craft, a Dealroom.co, Iniciativa Europeia de Startups, Indeed, a Invest Europe, Meetup, Preqin, Quid e Stack Overflow), assinalou ainda que os cinco maiores berços de empreendedores tecnológicos – empresas cujos trabalhadores criaram o seu próprio negócio tech – foram a Boston Consulting Group (BCG), a Microsoft, a Nokia e a Accenture e a Siemens.
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