A associação Business Roundtable defende que Portugal deve manifestar-se junto de Bruxelas contra as “regras discriminatórias” que impedem as grandes empresas de acederem aos fundos europeus, já que o país precisa de ter “urgentemente” companhias “maiores e mais globais”. Esta posição consta de uma carta aberta divulgada este sábado pela associação, que entende também que a resposta à inflação deveria ser comunitária e não deixada a cada Estado-membro.
“No top 10 do Global 2000 de 2023 da Forbes, que lista as maiores empresas do mundo, encontram-se seis empresas dos EUA, três chinesas e uma da Arábia Saudita. A primeira empresa de um país da UE surge na 21ª posição (a francesa Total) e a segunda na 29ª posição (a alemã Volkswagen)”, começa por notar a Business Roundtable, que justifica esse cenário com a regra que impede, de forma geral, as grandes empresas de beneficiarem dos programas comunitários.
Importa notar que a definição de grande empresa utilizada pela UE segue, contudo, a classificação adotada pelo Eurostat em 2005. “Este critério pode ter feito sentido em 2005, mas encontra-se ultrapassado pela forma como o mundo evoluiu.”, defende a referida associação.
Assim, a Business Roundtable encoraja Portugal “e os seus representantes a manifestarem-se contra as regras discriminatórias de acesso aos fundos, exigindo, desde já, a alteração da definição de grande empresa”.
Em fevereiro, numa conferência promovida pelo Jornal Económico sobre fundos comunitários, César Araújo, CEO da têxtil Calvelex, já tinha deixado um apelo nesse sentido, considerando que essa redefinição seria importante para as empresas portuguesas ganharem escala.
Empresários querem resposta mais forte à inflação
Na carta aberta divulga da este sábado, a Business Roundtable também deixa críticas às respostas que têm sido dadas à inflação, sobretudo quando comparadas com as norte-americanas.
“A Europa compreendeu o risco e reagiu prontamente, criando uma exceção às regras de auxílios de Estado que impediam os países de conceder subsídios às empresas. Sucede que, ao invés de criar, ou reforçar, as dotações dos programas de desenvolvimento e coesão europeus, a União Europeia passou a permitir que cada Estado Membro o possa fazer individualmente, a partir do seu Orçamento de Estado. Ao não optar por uma intervenção conjunta, a UE cria uma resposta pouco competitiva face ao pacote de apoio dos EUA, já que abdica da ambição de escala”, realça a associação.
Assim, os empresários exortam as instâncias europeias a criarem “uma reposta mais forte, justa e adequada”, que tenha como ambição principal “colocar a Europa no centro do mundo, e não apenas alguns dos seus Estados-Membros”. “A igualdade de oportunidades entre Estados-membros será crítica para se criar uma Europa mais forte, mais coesa, mais atrativa e mais competitiva”, avisam.
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