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Empresas estão a adotar Inteligência Artificial. Sector da saúde ainda resiste

“Portugal tem o potencial para se tornar uma das referências europeias em IA”, considera a country lead da AWS para a Península Ibérica, com base no trabalho que o país tem feito no avanço da adoção de tecnologias avançadas.
24 Setembro 2024, 15h08

As empresas portuguesas estão a mostrar-se cada vez mais adeptas da Inteligência Artificial (IA). A conclusão é da segunda fase de estudo da consultora Strand Partners, que revelou um aumento de 22% na adoção da tecnologia de IA em território português, com 57% das empresas nacionais a utilizarem, pelo menos, uma ferramenta.

A primeira fase do estudo já tinha mostrado que a adoção de IA e tecnologias digitais vai impulsionar a economia portuguesa, permitindo desbloquear 61 mil milhões de euros até 2030, partindo do princípio que a adoção se mantém a um ritmo constante.

O estudo traça mesmo “um quadro otimista do futuro da IA”. A análise indica que 70% estão familiarizadas com tecnologias avançadas como a IA e que das empresas que já adotaram estas ferramentas, 51% relatam aumento de eficiência, 38% sentem-se apoiadas na tomada de decisões e 34% mostram melhorias significativas na experiência do cliente.

“Portugal tem o potencial para se tornar uma das referências europeias em IA, resultado do excelente trabalho que está a ser feito por empresas e organizações públicas. As empresas priorizam cada vez mais a inovação e eficiência, e, em apenas um ano, a taxa de adoção de IA em Portugal aumentou consideravelmente”, afirma Suzana Curic, country lead da Amazon Web Services (AWS) na Península Ibérica, empresa que encomendou o estudo à Strand Partners.

A AWS dá mesmo o exemplo da portuguesa Ascendi, que presta serviços de cobrança de portagens e gere operações e manutenção de infraestrutura rodoviárias, como estando a adotar tecnologia e IA para automatizar interações com os clientes.

Mas o estudo vai mais além, afirmando que 87% das empresas inquiridas acredita que a IA vai transformar os seus sectores nos próximos cinco anos, num aumento de 23 pontos percentuais entre 2022 e 2023. Atualmente, o serviço e apoio ao cliente (30%), a deteção e prevenção de fraudes (29%) e a análise financeira e negociação (27%) são as principais áreas onde as empresas portuguesas recorrem à utilização de ferramentas de IA.

Quais os sectores que mais adotam Inteligência Artificial em Portugal?

Os serviços financeiros (78%), indústria (66%) e as Tecnologias e Informação e Telecomunicações (65%) são os sectores que estão a liderar o processo de adoção de IA em território nacional. Em sentido contrário, o sector da saúde é aquele que apresenta a taxa de adoção mais baixa, nos 52%.

A utilização da IA nas diferentes indústrias e sectores vai refletindo as necessidades de cada um. A título de exemplo, a AWS explica que os serviços financeiros destacam o uso da IA para deteção de fraudes e a indústria utiliza a tecnologia para se concentrar na criação de conteúdos.

“Em geral, todos os sectores relatam melhorias de eficiência, e as empresas portuguesas indicam que utilizam ferramentas de IA em áreas como o serviço ao cliente, a gestão de recursos humanos, a análise preditiva e a automação de processos”, mostra o estudo.

A cibersegurança lidera, atualmente, a lista de qualificações mais valorizadas pelas empresas, com 30% a considerá-la prioritária, seguida de perto pela computação na cloud (27%) e IA Generativa (26%).

Cerca de 84% dos 1.500 inquiridos pelo estudo evidenciam que as competências digitais são importantes para as suas operações e 27% sustentam que não podem funcionar sem as mesmas. Ainda assim, 32% admite dificuldades em recrutar pessoas para trabalhar com IA e o processo de recrutamento deste tipo de profissionais demora perto de cinco meses a concretizar-se.

Como forma de atrativo, 76% das empresas em Portugal afirmam estar disponíveis para pagar salários mais elevados a candidatos que apresentem este tipo de formação.

“Portugal caminha para um futuro digital, e as empresas locais estão a apostar na IA, que consideram uma ferramenta essencial para impulsionar a inovação e a competitividade, mas é crucial abordar o facto de que para maximizar este potencial, há que manter o foco no desenvolvimento de competências digitais”, conclui Suzana Curic.

Perto de 69% das empresas indica que, como consequência da dificuldade em recrutar, sentiu um aumento direto nos custos operacionais, enquanto mais de um terço das organizações (36%) viram-se obrigadas a adiar a adoção de novas tecnologias, e 33% enfrentou obstáculos na implementação eficaz das tecnologias já existentes.

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