Com alguma frequência vemos abordagens sobre as empresas familiares que, por desconhecimento ou porque se toma a parte pelo todo, apontam problemas, erros ou desvios comportamentais e actuações censuráveis, no âmbito das empresas familiares.

É verdade que estas empresas, como todas as outras, têm problemas para resolver. Diria até que estas empresas têm que resolver todos os tipos de questões a que as outras empresas têm que dar resposta, mais as que lhe são específicas.

Há, no entanto, a meu ver, uma diferença significativa. Genericamente, as empresas familiares e as famílias empresárias, vão tomando uma maior consciência das especificidades das questões que se lhes colocam e vão criando os instrumentos para os ultrapassar.

Partindo destes pressupostos, entendemos enumerar/abordar, neste artigo e no próximo, algumas das matérias que, em contexto de empresa familiar, assumem uma dimensão específica.

1. Contratar Familiares ou Profissionais

As empresas familiares, pelas suas próprias características, nascem com uma dimensão em que os membros de uma mesma família, a do fundador, assumem preponderância. O crescimento da empresa, a maior complexidade das operações ou a diversificação, confrontam a família empresária com a questão referida. Não há soluções únicas. No entanto, a experiência, julgo, tem demonstrado que o caminho vai no sentido de uma cada vez maior contratação de profissionais, a par do comportamento dos membros da família enquanto responsáveis da empresa, ser um comportamento profissional. A experiência demonstra que as empresas familiares que têm seguido este caminho têm tido sucesso no seu desempenho.

2. Regras hierárquicas claras

Os cargos que as pessoas assumem nas empresas e a posição que detêm no âmbito da família não são miscíveis e não são sobreponíveis.

Importa referir neste ponto que é frequente nas empresas familiares, e nas suas primeiras gerações, as lideranças da empresa e da família coincidirem. São normalmente casos de sucesso que devem ser valorizados.

As regras de funcionamento, de organização e de atribuição de competências na empresa devem ser claras e conhecidas de todos para poderem ser respeitadas. Quem, na empresa, dá instruções, não é o pai, o irmão, o tio ou o primo. É quem, do ponto de vista organizacional, as pode e deve dar.

Importante para que assim aconteça é definir um quadro claro de relação entre a Família e a Empresa (questão a que voltaremos) e que os mecanismos de gestão de pessoas prevejam a identificação e o reconhecimento do mérito.

É aquilo a que cada vez assistimos cada vez mais, em mais empresas.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.