Na sequência do que referimos no nosso último artigo vamos referir algumas matérias que, em contexto de empresa familiar, assumem uma dimensão específica:

1) Estratégia e Planeamento
A cada momento as empresas necessitam de planear o que vão fazer, como, com que recursos e com que objectivos. É verdade para todas, mas assume no universo que tratamos algumas especificidades. Desde logo a de, nessa definição estratégica, envolver a família e promover o alinhamento entre os interesses da empresa e dos seus accionistas, e os interesses da Família. Por outro lado, importa que a expectativa de resultados seja a adequada às expectativas da família relativamente à empresa.

2) Separação de patrimónios
Durante muito tempo, e com alguma razão, a percepção dominante foi a de que as contas e o património da empresa, do empresário e da família, eram uma e a mesma coisa. Hoje já não será assim, mas é bom ter a clarividência de ter presente os inconvenientes de tal situação, para que não aconteça. Esta separação é essencial para a sobrevivência da empresa e da família empresária, enquanto tais. A par disso é essencial salvaguardar a distinção, para aqueles que trabalham na empresa, entre remunerações do trabalho e remunerações do capital – umas não compensam as outras.

3) Comunicação
Sabemos que o tempo de hoje é o tempo da comunicação. E sabemos também que com frequência às empresas familiares se cola uma certa ideia de opacidade. É um desafio importante ultrapassar este desafio que, nestas empresas, assume algumas características particulares. Por um lado, comunicando internamente como instrumento essencial de alinhamento estratégico e de motivação dos colaboradores. Comunicando externamente com eficácia e transparência. Comunicando com e entre a Família como forma de promover o seu alinhamento com a estratégia da empresa e, também, como instrumento de promoção de coesão e conhecimento, tanto mais importante quanto mais membros tiver a Família .

4) Sucessão
Com frequência este é caracterizado como o “desafio dos desafios“. E é verdade que o desafio da sucessão assume especificidades únicas nas empresas familiares, bem como é verdade que não existem respostas únicas. Há, contudo, um conjunto de abordagens que pode facilitar uma sucessão com êxito: Uma preparação longa, empenhada e participada. Uma presença relevante de profissionais na gestão das empresas que possam assegurar a continuidade das operações. A informação aos membros da família da evolução e da estratégia das empresas A capacidade de ultrapassar e racionalizar os conflitos, sobrevalorizando a continuidade empresarial. A distinção entre funções de gestão de funções accionistas.
Outros desafios se colocam à generalidade das Empresas familiares e, alguns há, que serão específicos de alguns sectores, de algumas geografias e de algumas culturas.
Aqui ficaram enunciados alguns dos que nos parecem ser mais comuns.