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Empresas ligadas ao turismo sofrem sem atividade

Transporte pesado só espera recuperar no verão de 2022. Transportes coletivos já funcionam em pleno, mesmo com menor procura.
30 Maio 2021, 16h00

Os transportadores de passageiros foram significativamente afetados pela pandemia de Covid-19, especialmente pelos dois períodos de confinamento, em 2020 e este ano, que totalizaram 103 dias, cerca de três meses e meio. Para os operadores que têm uma atividade ligada ao turismo, o período de inatividade é bastante mais extenso, pelas limitações impostas à mobilidade.

“Na última década, o turismo em Portugal praticamente triplicou os números de entradas no país. Alicerçados na procura crescente, os operadores promoveram investimento em mais autocarros, mais modernos e mais eficientes em termos ecológicos, num esforço financeiro de monta, ajustado à crescente procura. A pandemia veio cortar todo este fenómeno de forma radical, abrupta e totalmente inesperada”, diz ao Jornal Económico (JE), Rui Pinto Lopes, presidente da ARP – Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros. “Em pleno começo da época turística de 2020, depois de um inverno paradas – fruto da sazonalidade do sector –, as empresas de autocarros de turismo viram-se completamente imobilizadas. A diminuição das receitas via turismo foi de cerca de 95%”, acrescenta, considerando 2020 “um ano catastrófico para o sector”.

Para os transportes coletivos, a situação foi similar, com a agravante de terem de manter custos de operação, pela função que têm na sociedade. “A STCP nunca suspendeu a sua operação, em modo autocarro, desde o início desta pandemia, de modo a responder às necessidades dos seus clientes”, afirma ao JE Manuel Queiró, presidente do conselho de administração da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. “Com os dois períodos de confinamento e de consequentes desconfinamentos, a STCP foi ajustando a oferta às necessidades reais, através de uma monitorização constante da rede, de modo a realizar os ajustes que se verificavam essenciais. Reduziu oferta, aumentou oferta, introduziu reforços via contratação de linhas a outros operadores, aplicou diferentes tipos de horários face às diferentes fases de gravidade da pandemia que se instalavam”, explica. Atualmente, a oferta está já a 100%.

A ARP, que representa 130 empresas de autocarros, com cerca de 2.000 autocarros e 2.500 postos de trabalho, só espera uma retoma económica para o verão de 2022. “Trata-se de uma longa travessia do deserto e, se fomos os primeiros a parar, seremos dos últimos a retomar atividade em pleno, fruto da especificidade do nosso setor”, diz Rui Pinto Lopes, apontando que “o presente ano corresponderá a uma ténue retoma da atividade do sector de transporte de grupos e apenas no verão do próximo ano assistiremos a um exercício mais próximo da normalidade”.

Por isso, diz que o principal desafio que as empresas enfrentam é a espera até o mercado retomar a confiança, que muito dificilmente conseguirão fazer sozinhos. “É fundamental apoiar estas empresas até 2022. Mais e maiores apoios específicos para o setor são cruciais e urgentes”, afirma. Aponta, também, limitações impostas à atividade que não têm paralelo com as de outros sectores (do transporte) e que motivam a perda de competitividade face a mercados que são concorrentes diretos. “Investimos fortemente na adaptação dos sistemas para o atual momento de pandemia, mas a ocupação a 100% não foi ainda autorizada”, exemplifica.

Já na maior operadora de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto, que tem operação em seis concelhos da região, o maior desafio, segundo Manuel Queiró, “será o regresso aos níveis de procura da fase pré-pandemia, que ainda estão longe dos verificados nos dias de hoje”.

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