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Empresas públicas de transportes gastam 570 milhões para renovar as frotas

Metros de Lisboa e do Porto, STCP, Carris, Transtejo/Soflusa e CP têm em curso investimentos que há muito não se viam e que vão reduzir emissões poluentes e aumentar o número de passageiros.
9 Março 2019, 18h00

As empresas públicas de transportes estão a lançar concursos públicos de renovação das suas frotas que ascendem, no presente ano, a um investimento agregado de cerca de 566,6 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo Jornal Económico junto das tutelas, neste caso o Ministério do Ambiente (Metro de Lisboa, Metro do Porto, STCP e Transtejo/Soflusa), o antigo Ministério do Planeamento e das Infraestruturas (CP) e a Câmara Municipal de Lisboa (Carris).

“Os investimentos totais na renovação de autocarros que já se encontram em curso totalizam 56,6 milhões de euros”, esclareceu fonte oficial da Carris, adiantando que a respetiva taxa média de cofinanciamento é de cerca de 30%.

“A Carris iniciou o processo de aquisição e de receção de autocarros em 2018, que continua em 2019, num total de 217 autocarros novos, dos quais 180 veículos movidos com fontes de energia sustentável: 165 a gás natural e 15 autocarros 100% elétricos”, adiantou a referida fonte da Carris.

“Os restantes 37 são autocarros médios clean diesel, não existindo ainda no mercado autocarros desta tipologia, com tecnologias mais limpas que tenham um estado de maturidade aceitável e adequada para a prestação do serviço público de transporte de passageiros. Encontram-se em fase de preparação concursos para 150 novos autocarros, na sua grande parte movidos a gás natural”, destaca a fonte da empresa liderada por Tiago Farias.

A mesma fonte acrescenta que “a Carris está a preparar o lançamento em 2019 de novos concursos públicos para aquisição de mais 150 autocarros, 117 da tipologia standard e 33 da tipologia mini, bem como para aquisição de 15 elétricos articulados, do tipo que atualmente opera a carreira 15E”. Quanto à data prevista de entrada em funcionamento destes novos veículos, a mesma fonte da Carris esclarece que “os primeiros veículos entraram em funcionamento ainda em dezembro de 2018, encontrando-se já em exploração mais de 50 novos autocarros, estando prevista a entrada continuada de autocarros adquiridos em 2018 ao longo dos próximos meses”.

“O objetivo é obter uma economia de energia de 256 Teps [toneladas equivalentes de petróleo] até 2020, para além da redução da emissão de partículas, de NOx [óxido de azoto] e de CO2 [dióxido de carbono] associada aos veículos a operar nas diferentes carreiras em 2019.

Com este investimento, “o acréscimo previsto na utilização dos autocarros e dos elétricos da Carris para 2019 é de cerca de cinco milhões de passageiros”.

Deixando a Carris e entrando nas empresas sob a tutela governamental do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, verifica-se que o Metropolitano de Lisboa (ML) tem em andamento um concurso para a aquisição de 14 novas unidades triplas e novo sistema de controlo automático de comboios. O concurso foi lançado a 26 de setembro de 2018.

“A assinatura do contrato de fornecimento de material circulante e novo sistema de controlo deverá ocorrer no segundo semestre de 2019”, adianta uma fonte oficial do Ministério do Ambiente, acrescentando que “a totalidade dos novos equipamentos deverá entrar em funcionamento até 2025”.

“O investimento está avaliado em mais de 127 milhões de euros. A aquisição destas novas unidades servirá para cobrir as necessidades decorrentes da expansão da rede do Metropolitano, que representará um aumento de 8,9 milhões de passageiros por ano, na perspetiva mais conservadora (ou 14,9 milhões, segundo as estimativas que incorporam a procura turística) e uma redução de mais de seis mil toneladas anuais de emissões de dióxido de carbono equivalentes”, assegura a mesma fonte.

Continuando nos metros, mas mudando-nos para a Cidade Invicta, constatamos que o concurso para a aquisição e manutenção de 18 novos veículos do Metro do Porto foi lançado a 21 de dezembro de 2018. “A adjudicação e assinatura do contrato deverá ocorrer no segundo semestre de 2019. As novas unidades deverão estar disponíveis em 2022 e o concurso inclui ainda a manutenção total das composições por um período de cinco anos. O investimento total é de cerca de 56 milhões de euros”, clarifica a referida fonte oficial do Ministério do Ambiente.

“A aquisição dos novos veículos servirá para cobrir a ampliação da rede do Metro, que permitirá um acréscimo de cerca de 12 milhões de passageiros por ano e uma redução de 4.650 toneladas equivalentes de dióxido de carbono anuais”, garante.

Ainda no Porto, mas regressando ao transporte rodoviário de passageiros, verificamos que, ao abrigo do primeiro aviso do POSEUR – Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, a STCP concorreu ao apoio para adquirir 188 autocarros (15 elétricos e 173 a gás natural).

“O investimento está avaliado em mais de 46 milhões de euros e inclui o financiamento de mais de 13 milhões de euros pelo POSEUR. O conjunto dos novos 188 autocarros representará uma poupança estimada de 340 toneladas anuais de dióxido de carbono. No final de outubro, já estavam a operar 37 das novas viaturas (nove elétricos e 28 a gás natural). A entrega dos autocarros deverá ficar concluída até 2020”, revela a fonte oficial do Ministério do Ambiente.

“No âmbito do segundo aviso do POSEUR, a empresa concorreu ao apoio para a aquisição de 86 autocarros (cinco elétricos e 81 a gás natural). Estima-se um investimento total de 23 milhões de euros com financiamento de 4,75 milhões pelo POSEUR.”, acrescenta a mesma fonte.

Por fim, menção para a Transtejo/Soflusa. O concurso para a aquisição de 10 navios novos movidos a gás natural da Transtejo foi lançado há uma semana, a 15 de fevereiro. Inicialmente, estava previsto um investimento de 57 milhões de euros, que passou para um montante de 90 milhões de euros porque se incluiu no caderno de encargos deste concurso público internacional a componente de manutenção das embarcações por um período de 15 anos.

“Os novos catamarãs vão servir as ligações Cacilhas/Seixal/Montijo/Cais do Sodré. As novas embarcações permitirão uma melhoria da performance ambiental das ligações fluviais, prevendo-se uma redução para cerca de metade das emissões de dióxido de carbono (uma descida de mais de cinco mil toneladas de dióxido de carbono por ano). Os navios deverão entrar ao serviço a partir de 2021”, assegura a referida fonte oficial do Ministério do Ambiente.

Para completar o quadro do investimento das empresas públicas de transporte de passageiros, falta apenas referência para a CP, que tem em andamento um concurso público para aquisição de 22 novos comboios, num valor global de cerca de 168 milhões de euros.

Artigo publicado na edição nº 1977, de 22 de fevereiro, do Jornal Económico

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