No cenário empresarial altamente dinâmico e imprevisível em que vivemos, a resiliência empresarial emergiu como uma pedra angular para a sobrevivência e sucesso a longo prazo das organizações. A capacidade de uma empresa para se adaptar, resistir e recuperar de adversidades é crucial à sua sustentabilidade e competitividade, mas o projeto para construir uma empresa verdadeiramente resiliente está repleto de desafios.

A principal barreira à resiliência empresarial reside na própria liderança. Em particular, na compreensão da sua importância e na forma como se encara o futuro de médio e longo prazo da sua empresa. Infelizmente, não é assim tão invulgar ouvir o individualismo de um gestor dizer “quando houver um impacto crítico, como um tremor de terra grave, estaremos muito mais preocupados com a nossa vida do que com a forma como a empresa está!”.

Normalmente, associa-se resiliência empresarial a fenómenos de desastres naturais, precisamente pela dificuldade em antecipar e planear a pensar em eventos imprevisíveis. Uma organização enfrenta vários desafios e ameaças potenciais, que as porá à prova a vários níveis e para os quais tem de se preparar estruturalmente, sejam  eles crises económicas, desastres naturais, pandemias ou ciberataques. Contudo, a incerteza inerente destes eventos traz dificuldades às empresas no que respeita ao desenvolvimento de estratégias de resposta eficazes.

Se a esta dificuldade juntarmos o obstáculo significativo da alocação de recursos adequados para implementar planos de continuidade, temos os ingredientes fundamentais para evitar fazer Planos de Continuidade. É por isso que as empresas muitas vezes hesitam em alocar orçamento para medidas preventivas, priorizando investimentos de curto prazo, em vez de atividades que a preparam para o desconhecido. Parece perfeitamente compreensível, mas este enfoque de curto prazo pode resultar em vulnerabilidades significativas quando a adversidade se torna real, em particular aquelas que são hoje as mais comuns: os ciberataques.

Há ainda um fator, muitas vezes esquecido, que é a resistência cultural dentro das organizações, e que também representa um desafio considerável. A mudança organizacional muitas vezes encontra resistência por parte dos colaboradores, que podem perceber os esforços para construir resiliência, mas evitam ter o seu caso particular com redundância ou equacionar a sua disrupção. Numa empresa, a construção de uma mentalidade de preparação e resposta proativa requer esforços contínuos de consciencialização e educação.

Os planos de continuidade desempenham um papel crucial na resiliência empresarial, mas a sua criação e implementação é frequentemente subestimada. Muitas empresas lutam para desenvolver planos abrangentes que abordem todas as facetas da operação, desde a gestão de crises até à recuperação pós-evento, mas tal como uma equipa de uma qualquer modalidade desportiva, se não treinar, certamente perderá quando chegar a altura do jogo. A falta de testes regulares e de procedimentos de atualizações contínuas dos planos também mina a eficácia desses planos, uma vez que as circunstâncias e as tecnologias evoluem.

Diante desses desafios é imperativo que as empresas adotem uma abordagem proativa na construção de resiliência. Isso envolve a colaboração interdepartamental, a avaliação regular de riscos, a alocação de recursos adequados e o compromisso de toda a organização em abraçar uma cultura de resiliência. Os planos de continuidade devem ser vistos como investimentos essenciais, não apenas como custos indesejados.

Em última análise, construir uma empresa resiliente não é uma tarefa fácil, mas é uma necessidade premente. À medida que enfrentamos um futuro incerto, as empresas que adotam medidas proativas de antecipação, adaptação e recuperação, terão vantagens competitivas duradouras. A resiliência empresarial não é apenas um conceito; é uma necessidade estratégica que molda o destino das organizações num mundo instável e imprevisível, a somar ao já conhecido “em constante mudança”.