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Energia Simples: “Renováveis podem ser uma fonte de rentabilidade a médio prazo”

O comercializar de energia totalmente de origem renovável aponta para as vantagens económicas, além de ambientes. Em entrevista ao Jornal Económico, o co-fundador Manuel Azevedo explicou a estratégia para replicar o modelo de negócio por toda a Europa.
4 Outubro 2018, 09h25

A Energia Simples registou, em 2017, um ano recorde em termos de faturação. Em que é que se traduziu em termos de aumento do número clientes, produção e lucros?

Em 2017, a Energia Simples obteve um volume de negócios de 101,4 milhões de euros, o que nos permitiu assim ocupar a 7ª posição entre as maiores empresas do mercado liberalizado na quota de consumo. Este resultado é representativo do crescimento consolidado da Energia Simples, sendo que, até á data, obtivemos um total de 14,929 clientes, 769 GWh de energia vendida, 30 GWh de gás vendido e um crescimento de aproximadamente 148%.

Relativamente a 2018, esperamos consolidar o crescimento ao desenvolver o negócio de produção de energia de fontes renováveis quer através de centrais de produção fotovoltaico, mini-hídrica ou eólica bem como de instalações em diversos regimes com os nossos clientes.

Em 2016, a nossa faturação tinha sido de apenas de 41 milhões de euros e representávamos apenas cerca de 1,5% do total do mercado liberalizado. Atualmente, evoluímos bastante no nosso volume de negócios e esperamos evoluir ainda mais e atingir, este ano, um valor próximo dos 240 milhões de euros.

A que é que se deveu esta subida?

Este crescimento é a prova de como conseguimos ter uma oferta diferenciada, transparente e inovadora face aos nossos concorrentes. Preocupamo-nos em comunicar com o cliente e, ao mesmo tempo, perceber qual a melhor oferta para ele e isso é algo que os clientes dão valor, sobretudo, na transparência. É importante para eles compreenderem o porquê de gastarem aquele valor todos os meses e nós temos a capacidade e a atenção de lhes explicar isso. É, por isso, que somos diferentes.

A Energia Simples é a maior empresa nacional em energia comercializada com capital 100% nacional. Qual é a estrutura acionista? Considera que há diferenças por ter capital português em relação a empresas com participações estrangeiras?

A estrutura acionista da Energia Simples é constituída por três sócios fundadores, incluindo eu, e duas Business Angels de capital português. É ainda visto como um fator diferenciador por parte do mercado mas, mais importante, é que a Energia Simples é um novo entrante que se desenvolveu e criou valor ao desenvolver a sua estrutura de raiz, sem seguir um modelo já existente ou aplicar um modelo de outro mercado. Especialmente, num mercado tão concentrado a nível português na energia elétrica, esta abordagem traz sempre uma concorrência diferenciadora.

Ocupam a sétima posição entre as maiores empresas do mercado liberalizado na quota de consumo e número de clientes. Como é que as mudanças no mercado liberalizado alteraram a vossa atividade? Considera que é vantajoso para os clientes?

A Energia Simples nasceu de um grupo de pessoas ligadas ao setor da energia. No seguimento da liberalização do mercado português de eletricidade, pensamos que a comercialização pode ser o ponto fulcral para fazer a diferença na disseminação do uso de energia renovável. Assim, construímos um caminho que nos permitiu crescer comercialmente mas com sustentabilidade.

As alterações do mercado liberalizado em termos de quota não muda a vantagem que possamos ter para os nossos clientes, dado que faz parte da nossa estratégia de crescimento. Ao longo prazo procuramos também agregar produção renovável para poder incluí-la no nosso mix energético, ganhar sustentabilidade e fixação de preço, partilhar esse benefício – cada vez mais expressivo – com o cliente e seguir o nosso plano de crescimento.

Como é que a Energia Simples conseguiu atingir 100% de energia de origem renovável sem aumentar os custos para os clientes?

A Energia Simples tem energia 100% para os clientes domésticos e contratos específicos com clientes empresariais. Faz parte da nossa estratégia, aumentar a nossa quota de produção através de diferentes propostas de valor para os clientes, seja em produção própria, autoconsumo, com modelos de PPA ou investimentos diretos. A energia renovável pode também ser uma fonte de rentabilidade económica no médio prazo permitindo poupanças em diversas indústrias em certas condições.

Qual a estratégia de expansão da Energia Simples a curto, médio e longo prazo?

Procuramos aumentar, de forma sustentável, a nossa quota de produção de energia limpa para poder chegar a mais clientes. Acreditamos que as energias de fontes renováveis vão ser uma vantagem competitiva no mercado ibérico. Pretendemos também replicar o nosso modelo de negócio por toda a Europa, tendo já iniciado o nosso percurso no mercado Espanhol.

A médio prazo pretendemos, consolidar a nossa posição em Espanha e Portugal e ainda reforçar o mercado de PPA – power purchase agreements, em que a segurança, estabilidade e qualidade renovável da energia vão ser cada vez mais valorizados. Este ano, iniciámos uma parceria que nos permite uma liquidez de mais de 30 milhões de euros para investir, junto dos nossos clientes, em projetos de fotovoltaico. É com os processos e sistemas gerados em Portugal que pretendemos vir a expandir as nossas operações para outros países.

Estão já presentes em Espanha. Quais os planos da empresa em termos de internacionalização?

Sim, pretendemos expandir e replicar o nosso modelo de negócio por toda a Europa, a Energia Simples, desde o seu início que conta já com parcerias nacionais e internacionais no desenvolvimento e inovação dos seus produtos e serviços. Apesar do nosso foco de atuação ser em Portugal, as soluções que apresentamos podem ser uma mais-valia para consumidores de todo o mundo. Desta forma, poderemos vir a expandir as nossas operações para outros países, nomeadamente para a Alemanha, embora ainda não tenhamos nada definido.

Para já, pretendemos continuar a crescer em Portugal e a consolidar o nosso posicionamento em Espanha. Até porque a Energia Simples é uma empresa que não se limita por fronteiras na inovação e desenvolvimento, cuja visão do consumo energético é cada vez mais partilhada por governos, empresas, instituições e opinião pública.

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