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Engenharias dominam e internacionais continuam a crescer

Os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior estão cá fora. Há mais alunos e mais estudantes internacionais e as engenharias prevalecem, tanto nos cursos mais procurados como nos mais preteridos.
14 Setembro 2019, 19h00

Portugal continua a atrair alunos internacionais. Este ano, a procura deverá aumentar cerca de 40% face ao ano passado neste mesmo contexto. Os dados facultados por universidades e politécnicos apontam para cerca de sete mil novos alunos, na sua maioria oriundos do Brasil.

Os internacionais representam aproximadamente 10% dos 77 mil estudantes que este ano deverão entrar no ensino superior público, dos quais 44.500 já estão colocados. O número de alunos emigrantes ou lusodescendentes, cuja captação é impulsionada pelo programa “Estudar e Investigar em Portugal”, também aumenta 18% face a 2018.

Para o bolo dos 77 mil contribuem ainda 3.700 reingressos, isto é antigos estudantes que pediram o regresso à instituição, e 9.625 novos alunos que se vão inscrever em cursos superiores técnicos especializados (vulgarmente chamados Tesp).

No total, a primeira fase do concurso nacional de acesso trouxe mais 1,2% de alunos ao ensino superior do que em igual fase de 2018. Os candidatos puderam concorrer a 1.087 cursos nas universidades e politécnicos públicos. E os resultados estão aí, sendo que há alguns dados interessantes a destacar.

As Universidades de Lisboa e Porto aumentaram este ano o número de vagas nos cursos que no passado deixavam de fora candidatos em primeira opção, com média igual ou superior a 17 valores. A resposta foi duplamente positiva: a procura por esses cursos não só aumentou em cerca de 15%, como as notas mínimas de entrada subiram na maior parte dos casos.

O mestrado integrado em Engenharia Aeroespacial, do Instituto Superior Técnico, onde as vagas passaram de 80 em 2018 para 92 em 2019 é apenas um exemplo. Não entrou nenhum aluno com menos de 18,95 valores, numa escala de zero a 20. No ano passado, a média mais baixa de entrada neste curso tinha sido 18,85 valores.

 

Cursos com as médias mais altas
A luta pelas médias mais altas faz-se atualmente nas engenharias, que há três anos relegaram a Medicina para segundo plano que, durante muitos anos, chamou a si os alunos com melhores desempenhos escolares.

O concurso deste ano consolida a mudança de paradigma, na medida em que cerca de metade dos 20 cursos que concentraram os melhores desempenhos são de Engenharia, ministrados em duas escolas: o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP).

O mestrado integrado que tocou os píncaros dá pelo nome de Engenharia Aeroespacial e faz-se no Técnico, seguido por Engenharia Física Tecnológica, com 18,88 valores, lecionado na mesma escola, que concentra quatro dos dez cursos onde ninguém entrou com menos de 18 valores. Bioengenharia e Engenharia e Gestão Industrial, ministrados na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), são os “senhores que se seguem”.

Nos resultados deste ano destaca-se igualmente a Matemática Aplicada à Economia e Gestão, do ISEG, em Lisboa, sexto curso a registar a média de entrada mais alta.

Outro elemento relevante no concurso deste ano prende-se com o aumento do número de estudantes colocados em ciclos de estudos que visam a formação em competências digitais, que passou de 6.220 colocados em 2018, para 6.486 em 2019, i.e. um crescimento de 4%.

A vertente científico-humanista continua, no geral, arredada do campeonato das notas mais altas. Línguas e Relações Internacionais, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, são a exceção. Com 17,90 valores ocupa o 12.º lugar da geral e é o curso melhor colocado desta área no Concurso Nacional de Acesso 2019. Destaque ainda para o mestrado integrado em Arquitetura, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, com o último aluno colocado a exibir uma média de 17,70 valores.

A área da saúde continua a esgotar as vagas logo na primeira fase, o que aconteceu nas escolas de enfermagem de Lisboa, Porto e Coimbra. ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e Universidade Nova de Lisboa são duas instituições que também chegaram ao fim do concurso com “lotação esgotada”.

No outro prato da balança, importa frisar que há 38 cursos sem candidatos. Os dados oficiais mostram sobretudo cursos de engenharia de vários politécnicos numa multiplicidade de ramos, que vão do Ambiente, até às Energias Renováveis, passando pela Engenharia Eletrónica e de Computadores, Alimentar, Mecânica, Agronómica e sete na área da Engenharia Civil.

Os cursos acima ainda poderão ter uma segunda vida, pois as vagas existentes transitam para a segunda fase e para outras modalidades de acesso. A concurso estão as 6.734 vagas que não foram preenchidas na primeira fase do concurso nacional de acesso. São menos 7,6% do que na fase homóloga de 2018. A segunda fase de candidaturas decorre até 20 de setembro, sendo os resultados divulgados a 26.

Nem só de virtudes se fazem as engenharias. Portugal tem de ponderar a oferta educativa quando, no final de um concurso, o grosso de 38 cursos preteridos está associado a uma área de estudo.

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