As escolhas dos estudantes que ingressam no ensino superior em Portugal refletem novas tendências. Depois de muitos anos com medicina no topo das preferências, eis que o Top 5 de cursos com média mais alta de entrada (tendo por base o numerus clausus) estão três cursos de Engenharia Aeroespacial. Deste top fazem também parte Ciência de Dados e Inteligência Artificial e Matemática aplicada à Gestão.

Este aumento de interesse por áreas tecnológicas de ponta não é apenas um reflexo das mudanças na economia global, mas também uma indicação das aspirações de uma nova geração de jovens que estão a olhar para o futuro com uma perspetiva inovadora e ambiciosa.

Um dos exemplos mais marcantes desta mudança é mesmo o curso de Engenharia Aeroespacial, que abriu pela primeira vez na Universidade do Porto com 30 vagas e atingiu uma nota mínima de entrada de 19,45 valores.

Este fenómeno ilustra a crescente atração dos estudantes por setores que envolvem exploração espacial e tecnologias avançadas, áreas que, apesar de serem promissoras, ainda enfrentam limitações significativas no mercado de trabalho nacional.

A procura por estes profissionais ainda não acompanha o ritmo de formação, o que leva muitos recém-licenciados a procurar oportunidades fora do país, onde a valorização e a remuneração por estas competências são superiores.

Esta tendência de emigração, impulsionada pela falta de um mercado robusto e diversificado em Portugal, representa um desafio significativo para o país. Se, por um lado, o interesse crescente por estas áreas revela uma geração de jovens altamente qualificados e preparados para enfrentar os desafios do futuro, por outro lado, a falta de oportunidades no mercado de trabalho nacional pode resultar numa perda significativa de talento, com consequências a longo prazo para a economia e a inovação nacional.

Para inverter esta situação, é essencial que Portugal invista não só na formação de alta qualidade, mas também na criação de um ecossistema económico capaz de absorver estes talentos. A aposta em parcerias com empresas tecnológicas, incentivos à inovação e ao empreendedorismo, e o desenvolvimento de políticas que atraiam investimento estrangeiro podem ser caminhos para garantir que os jovens qualificados não tenham de procurar fora do país as oportunidades que desejam. Somente assim será possível assegurar que o futuro que os estudantes procuram se constrói em Portugal.