A Epson, sendo uma das multinacionais mais reconhecidas no mercado da impressão, tem procurado incluir mais a tecnologia no negócio, para que as suas máquinas possam imprimir e produzir exclusivamente a quantidade que o cliente pretende. “Não queremos que haja restos, desperdícios”, disse Raúl Sanahuja, responsável de Relações Públicas e Comunicação da Epson em Portugal e Espanha, em entrevista ao Jornal Económico (JE).
“Na produção têxtil utiliza-se tanto o digital como o analógico, mas há essencialmente dois grandes problemas: o volume de produção que é necessário para que seja rentável e o processo em si, que requer muito consumo de água, por exemplo. É preciso ter um maior controlo”, explica Raúl Sanahuja, referindo-se tanto às técnicas de sublimação (aplicar calor sobre um tecido e transferir a tinta do papel), como ao fabrico direto.
É neste contexto que a utilização do digital na indústria têxtil tem ganho peso, porque as marcas que encomendam as peças aos produtores exigem cada vez mais rapidez na entrega e fazem mudanças constantes nas coleções, pelo que é crucial implementar tecnologias que assegurem menos perdas e resíduos nos processos de produção. Nesta inovação, os portugueses estão um passo à frente, segundo Raúl Sanahuja. “Há pontes sólidas entre os dois países, mas acho que há zonas em que Portugal está mais desenvolvido do que Espanha. Na hora de integrar inovações, as empresas portuguesas estão mais lançadas, são mais ousadas”. “É uma razão quase cultural e deriva de maior influência anglo-saxónica”, defende.
O salto de Portugal nas impressoras inteligentes faz com que a Epson exija “presença obrigatória” no Portugal Print, Packaging e Labeling – cuja última edição se realizou entre os dias 14 e 16 de fevereiro de 2019, na FIL – um evento dedicado a profissionais das áreas de embalagem, etiquetagem e rotulagem, no qual a tecnológica japonesa costuma ter um stand dedicado às soluções de grande formato para têxtil, fotografia e sinalética. “Para nós, Portugal é um mercado totalmente estratégico, tanto a nível europeu como ibérico, aquele que representamos, especialmente porque a produção têxtil é muito importante. É por isso que recorremos às feiras do país para apresentar soluções de impressão profissional com tecnologia digital”, explica o responsável de Comunicação da Epson na Península Ibérica, em declarações por telefone. Atualmente, cerca de 15% a 20% do total de faturação da Epson nestes dois países provém de clientes em Portugal.
Contudo, na impressão 3D, tanto os portugueses como os espanhóis têm de continuar a evoluir, e é para aí que a Epson quer caminhar, introduzindo a técnica em cadeias de produção que criem automaticamente o produto final. “Neste momento, recorre-se à impressão 3D mais para prototipagem, inclusive no âmbito doméstico: criar peças que na realidade não têm uma solidez suficiente para ser tratada como peça final. Este avanço não depende do sistema de impressão, porque isso já existe, mas do material, das suas solidez e durabilidade”, esclarece Raúl Sanahuja, sublinhando que esse material tem até de conseguir responder melhor aos agentes externos (produtos que entrem em contacto com o material, fatores ambientais, entre outros), sem perder a consistência.
Necessidade de impressões sustentáveis e de vender às empresas moldaram modelo de negócio do grupo
Antes da 25ª conferência da Organização das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 (COP25), a Epson reafirmou o seu compromisso com a descarbonização, procurando reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, até 2025, diminuir o seu alcance 1 e 2 em 19% das emissões destes gases. Para tal, a empresa quer apostar na poupança energética, em inovações na produção e na utilização de renováveis.
“As marcas estão cada vez a promover mais coleções sustentáveis ou de material reciclado. Por isso, começámos uma iniciativa de economia circular para a moda, em Barcelona, chamada BSEArcular. Queremos que chegue a Portugal. O objetivo é mostrar que não só somos capazes de limpar os nossos mares de plásticos, mas também, com o apoio de parceiros, transformá-los num material para confecionar rolos de pano e reintroduzi-los no mercado, em vestidos, camisas, o que for”, exemplificou o porta-voz da empresa ao JE.
Este ano, a Epson apresentou também o projeto “Green Choice Report”, uma iniciativa que prevê que, ao longo do ano fiscal de 2019, a Epson Europa desenvolva um programa de consciencialização sobre a sustentabilidade, com base na expertise da empresa relativamente à tecnologia sustentável, reciclagem de papel ou redução de resíduos.
Liderado pela Seiko Epson Corporation, o grupo Epson conta com mais de 76 mil colaboradores em 87 empresas em todo o mundo. Raúl Sanahuja está na empresa há cerca de dez anos e a maior mudança interna a que assistiu teve lugar nos últimos cinco, quando se deu “completamente a volta à moeda”. “A Epson sempre foi muito conhecida pela tecnologia de consumo, no contexto doméstico, e transitou para o âmbito das soluções empresariais. Atualmente, as profissionais têm um peso na ordem dos 70% e as domésticas caíram para 30%”, realça. A empresa nipónica tem a meta estratégica de, até 2025, atingir receitas globais de 1,7 biliões de ienes (cerca de 13,4 mil milhões de euros), o que representa um aumento de 50% face a 2016, impulsionado pelo investimento na impressão 3D e na robótica.
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