As autoridades espanholas acreditam que um emaranhado empresarial em Portugal serviu para desviar e branquear dinheiro proveniente de contratação pública entre o governo de Pedro Sánchez e o presidente do Zamora Futebol Clube, Víctor Aldama. É o chamado ‘caso Koldo’, – nome de Koldo García, ex-assessor, e José Ábalos, ministro do Desenvolvimento e dos Transportes, acusados de receberem subornos do presidente do Zamora FC, Víctor de Aldama, a troco de adjudicações públicas milionárias para a compra de equipamento clínico durante a pandemia da Covid-19, segundo avança o Expresso.
Foi em Elvas que ficaram sediadas quatro empresas aparentemente insuspeitas. Mas só aparentemente: funcional todas na mesma morada, que não passa de um espaço vazio num edifício de escritórios. Chamaram a atenção da Unidade Anti-Corrupção da Guardia Civil e do Departamento de Crime Económico e Organizado do Ministério Público de Espanha por suspeitas de branqueamento de capitais e de fuga ao fisco.
Em causa estão 55 milhões de euros recebidos pela empresa de Víctor Aldama”, avança o Expresso, que refere que a Soluciones de Gestión os escondeu numa rede de sociedades em Portugal. Um Ferrari F12, bens imobiliários – em nome da empresa Atmosferaudaz, sediada em Elvas, e outros ativos parecem ter sido comprados com o intuito de lavagem de dinheiro. Numa escuta, Aldama gaba-se de ter “sacado o património todo para Portugal” como solução para os elevados impostos em Espanha.
É esta interceção telefónica que permite às autoridades espanholas associarem a fortuna de Aldama ao PSOE. “Verificam-se indícios da ligação indireta Koldo-Aldama através dos irmãos Corvillo Aguilar”, lê-se no relatório citado pelo jornal Expresso. Cristian Corvillo ocupou cargos no executivo do PSOE em Córdoba e o seu irmão, Rubén Corvillo, era conselheiro dos socialistas em Zamora.
Segundo um relatório judicial divulgado este ano, elaborado pelas autoridades espanholas em novembro de 2023 e que o Expresso consultou, Víctor de Aldama “colocou bens móveis e imóveis dos quais é proprietário em nome de empresas constituídas em Portugal”, para se “esquivar a sanções económicas da Autoridade Tributária (espanhola)”, lê-se no relatório das autoridades madrilenas.
Tudo isto acontece poucas semanas depois de outro caso que lesou a imagem do chefe do governo espanhol: Begoña Gómez, mulher de Pedro Sánchez, foi investigada por trafico de influências. Acabou por não resultar em nada, mas o certo é que a imagem de Sánchez, depauperada por questões políticas, não saiu beneficiada.
A poucos dias do início da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, é mais um revés político para Pedro Sánchez – que até tinha tido uma boa notícia: a vitória dos socialistas na Catalunha.
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