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Escassez de matérias-primas e conflitos internacionais. Como os carros elétricos podem tornar-se um problema mundial

Estimativas mais conservadoras dizem que a procura de cobalto, necessária para as baterias destes automóveis, aumentará cinco vezes até 2030. Alguns duvidam que as reservas mundiais possam satisfazê-la e outros receiam que se possam desencadear conflitos internacionais.
11 Setembro 2018, 18h16

A Comissão Europeia (CE) tem liderado a iniciativa desde o ano passado para promover “a liderança global da União Europeia (UE) no campo de veículos limpos”. O desafio é mais complicado ao que parece. Por um lado, é difícil posicionar a indústria automóvel europeia na frente da inovação e do desenvolvimento tecnológico. Por outro, reduzir até 40% das emissões de CO2 dos consumidores, até 2030, que é o compromisso assumido no Acordo de Paris (2015), está a revelar ser uma grande dificuldade., escreve o “El País”.

Os designados carros híbridos ou elétricos, estão cada vez mais a roubar uma fatia maior no mercado. Em Portugal, a tendência tem vindo a crescer notoriamente. As construtoras principais deste mercado e os governos estão cada vez mais à procura de maneiras de incentivar os consumidores a optarem pela solução mais ”verde”. As grandes cidades europeias já começaram a integrar no movimento: Inglaterra e França admitiram a intenção de proibir a venda de carros a diesel e gasolina a partir de 2040. Londres, Roma, Barcelona e Madrid estão a implementar medidas semelhantes para reduzir a poluição dos tubos de escape.

Todos esses incentivos públicos contribuirão para o aumento da procura dos carros elétricos, mas nada disso seria possível sem a nova geração de baterias de lítio. Os custos de fabricação dessas baterias são ainda maiores do que os custos da bateria de chumbo-ácido dos carros convencionais. No entanto, eles oferecem cada vez mais autonomia e vantagens, pois conseguem reduzir a poluição e os seus efeitos prejudiciais à saúde.

Eis a parte feia da história: As baterias de lítio, dependendo do modelo, integram entre 15% a 40% de cobalto (um elemento químico).

Os consumidores que conduzem carros elétricos, usam cerca de 26 quilos desse químico. Assim, não é surpreendente que nos últimos dois anos, o preço deste elemento por tonelada tenha mais que quadruplicado. E o preço não vai parar de subir. Estimativas conservadoras falam de um procura global que aumentará cinco vezes mais o seu preço, entre hoje e 2030. Alguns duvidam que essa procura possa ser satisfeita. As principais construtoras interessadas são a Tesla, BMW e a Volvo.

A República Democrática do Congo detém dois terços da produção mundial de cobalto. Foram exportadas, no ano passado, cerca de 64 mil toneladas. Logo a seguir, vem a Rússia que contabilizou 5.6 mil toneladas exportadas.

Tudo indica que este interesse pelo cobalto, pode-se tornar numa imensa fonte de riqueza para o país africano e um elemento chave no seu desenvolvimento.  Isto seria uma boa notícia, se a República Democrática do Congo não sofresse de conflitos evidentes no que toca aos recursos naturais. Alias, foi em 2003 que o país findou a Segunda Guerra do Congo, também conhecida pela Guerra Coltan, devido à importância desse mineral.

Esta problemática serve também para compreender não só a dinâmica do conflito na República Democrática do Congo, mas também na Colômbia, Venezuela, República Centro-Africana e Birmânia.

A União Europeia está ciente deste problema e no ano passado aprovou um regulamento que regulará o o comércio de minerais em zonas de conflito.

 

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