Os resultados eleitorais do passado dia 26 de setembro já se encontram digeridos e analisados. Espera-se também que tenham já sido aceites por mais incoerentes que pareçam em alguns concelhos, atendendo ao histórico de cada cabeça-de-lista. O Povo é soberano. Ele é que sabe e, como tal, deitar-se-á na cama que fez.
Contudo, passe o tempo que passar, somem-se anos de experiência nas lides políticas, continua a ser difícil perceber de que são confecionadas as amarras invisíveis que levam uma população a eleger, de uma forma dolorosamente reincidente, quem lhes coarta uma melhor condição de vida, devido a impostos que poderiam ser reduzidos ou ao aniquilamento de transporte diferenciado entre as ilhas e o continente português. A condição de ilhéu, mais defensivo, mais acomodado, não pode ser desculpa para a manutenção de um status quo político viciado e com estratégias e aconselhamentos do tempo do outro senhor.
Quanto aos partidos da dita Oposição (com a devida vénia aos municípios liderados pelo PS e JPP e com uma saudação ao CDS de Santana que não se deixou engolir pela onda laranja), viram a caravana a passar apesar dos assertivos e atempados alertas aos eleitores para o perigo de colocar os representantes dos monopólios dos transportes e construção civil a governar a capital e, consequentemente, a região. Ficaram literalmente com a sensação de ter “falado para o boneco”, tradução muito popular, pelo facto de não ter sido possível convencer a população do risco da erupção de forças económicas que irão abalroar o indefeso madeirense nos próximos anos, servindo os seus interesses e não os da coletividade.
Focando a atenção no Funchal, concelho onde o partido Juntos pelo Povo concorreu pela primeira vez e num cenário tão bipolarizado, fica para a História o lançamento de uma primeira semente, a semente da alternância, da possível escolha, da opção de ser e fazer diferente, à semelhança do concelho vizinho. Centenas de funchalenses tiveram essa visão, esse desejo. Mostraram que a onda verde trouxe com a maré um conjunto de pessoas destemidas, da comunidade, sem patrocínio de interesses económicos, apenas com o desejo de dar a cara em nome do seu e de outros projetos que, no futuro, terão certamente melhores resultados e mais seguidores, com expressão nos órgãos autárquicos.
É tempo de acolher e respeitar as escolhas, é tempo de com elas fazer mudanças. É tempo de reconhecer o mérito, é tempo de sair para que outros possam entrar. É tempo de colocar as pessoas certas nos lugares certos e temos visto como isso é salutar para a democracia e a governação. Tudo tem prazo de validade antes que se estrague. Inclusive as boas intenções.
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