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Espaço. 50 anos depois da Lua, Marte é o planeta que se segue

Cinquenta anos depois da alunagem da Apollo 11, o que se prepara agora é a primeira missão com astronautas a Marte, que deverá acontecer em 2024.
14 Julho 2019, 10h12

Aproximavam-se as quatro da manhã do dia 21 de Julho de 1969 (era ainda a noite de 20 de Julho nos Estados Unidos) quando os portugueses ouviram o astronauta da agência espacial norte-americana NASA a proferir a frase que o tornou célebre: “É um pequeno passo para o Homem, um salto gigantesco para a humanidade”.

Cinquenta anos depois da alunagem da Apollo 11, o que se prepara agora é a primeira missão com astronautas a Marte, que deverá acontecer em 2024. Em maio, a agência espacial norte-americana NASA anunciou que a nova missão lunar humana, ainda sem custos contabilizados, se chamará Ártemis, que, na mitologia greco-romana, era irmã gémea de Apolo e deusa da caça e da Lua.

Dois meses antes, a administração do Presidente Donald Trump já tinha antecipado em quatros anos, para 2024, o regresso de astronautas norte-americanos à Lua, incluindo a primeira mulher. A futura tripulação alunará no polo sul, onde há gelo nas suas crateras e, portanto, condições para ter potencialmente água líquida.

A porta de entrada será uma estação orbital na Lua, a Gateway, que servirá de plataforma também para Marte, a ser construída numa parceria entre a NASA e as congéneres europeia, russa, canadiana e japonesa e empresas privadas, algumas a apontarem baterias para o turismo espacial e a colonização de Marte.

A nave “Columbia” da Apollo 11 reentrou, em 24 de julho de 1969, na atmosfera terrestre a uma velocidade de 12 quilómetros por segundo. Uma nave entra na atmosfera de Marte entre cinco a seis quilómetros por segundo, enquanto na de Saturno, Neptuno e Urano, que são gigantes gasosos, a 20 quilómetros por segundo, precisou o investigador Mário Lino da Silva à agência Lusa, acrescentando que todas estas velocidades podem ser reproduzidas no tubo de choque.

O que procura a China no lado oculto da Lua
Em maio deste ano, a China lançou um satélite de retransmissão com o mesmo objetivo – estudar o lado oculto da Lua. O satélite Queqiao foi transportado por um foguetão Longa Marcha-4C, a partir do centro de lançamento de satélites Xichang, no sudoeste da China.

Em 2020, a China planeia ainda enviar a sonda Chang’e 5, com o objetivo final de regressar à Terra com amostras de matéria recolhida na Lua. A verificar-se será a primeira missão deste género desde 1976.

Até agora, o país realizou também cinco missões tripuladas, a primeira em 2003 e a mais recente em 2013, enviando para o espaço dez astronautas (oito homens e duas mulheres). A primeira tentativa da China de entrar na corrida espacial foi no final dos anos 1950, como resposta ao lançamento do Sputnik 1 – o primeiro satélite em órbita – pela União Soviética.

Mao Zedong ordenou então a construção e envio do primeiro satélite chinês, antes de 1 de outubro de 1959, por altura do 10.º aniversário da fundação da República Popular. A iniciativa acabou por falhar devido à inexperiência do país em tecnologia aeroespacial.

No entanto, em abril de 1970, em plena Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao, a China concluiu com êxito o lançamento do seu primeiro satélite para o espaço, o Dong Fang Hong (“O Leste é Vermelho”).

Tecnologia portuguesa à conquista de Marte
O projeto coordenado pela Amorim Cork Solutions, com a participação do ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade, do PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, e da Critical Materials estão a abrir portas a novas aventuras portuguesas no espaço. Desta vez com o objetivo de realizar duas missões: a primeira chama-se Mars Sample Return e está a ser realizada para a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA); e a segunda, Phootprint – Phobos Sample Return, tem o apoio da ESA. O objetivo é idêntico em ambas: o envio de sondas de cortiça para Marte, a recolha de rególito (poeiras, fragmentos de rocha e materiais do solo) do planeta, e o seu transporte em segurança no regresso à Terra. O demonstrador do projeto foi construído pela Amorim, ficando a Critical Materials encarregada do desenvolvimento da engenharia. Os testes do projeto ficaram a cargo da PIEP e do ISQ.

“O ISQ há vários anos que vem desenvolvendo projetos de referencia na área da Aeronáutica e do Aeroespacial. Testámos recentemente a nova asa do avião da Embraer, prestámos serviços de Engenharia da Qualidade, Segurança e Ambiente às operações de montagem e preparação de Foguetões no Centro da Agência Espacial Europeia, na Guiana Francesa, participámos nos ensaios de qualificação do escudo térmico da Nave “Intermediate eXperimental Vehicle” – um veículo experimental não tripulado da Agência Espacial Europeia, e, neste momento, estamos a participar num consórcio português para o desenvolvimento da primeira constelação de micro-satélites. Neste âmbito, a participação do ISQ neste projeto, dinamizado pela Amorim Cork Solutions, foi um passo natural, tendo em conta as competências e experiência que temos nesta área”, explica Pedro Matias, presidente do Instituto de Soldadura e Qualidade, ao Jornal Económico.

As próximas missões para Marte estão previstas para 2020, por isso as equipas estão a desenvolver um esforço para poder ter o novo produto pronto caso a NASA o queira incluir já nas próximas missões, sendo que a cortiça vai ser determinante neste projeto português, desenvolvido para a ESA, e que pretende recolher amostras de Marte e trazê-las intactas para a Terra.

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