A economia espanhola continua a crescer e a superar as expectativas, avançando mais 0,8% em cadeia no quarto trimestre, tal como nos dois períodos anteriores, e fechando o ano com um crescimento de 3,2%. Este é um resultado ainda mais impressionante considerando que as restantes três maiores economias oscilam entre a pequena recessão e o crescimento anémico e que Espanha foi afetada pelas cheias de Valência no último trimestre.
Os dados do INE espanhol divulgados esta quarta-feira apontam para o terceiro trimestre consecutivo com 0,8% de crescimento em cadeia, o que, no caso do quarto trimestre, significa um avanço homólogo de 3,5%. Olhando para 2024 na totalidade, a economia espanhola cresceu 3,2%, ou seja, acelerando em relação aos 2,7% do ano anterior – um resultado já bastante acima da média europeia e que colocou Madrid como o principal motor do crescimento na zona euro.
A performance da economia espanhola no quarto trimestre assentou sobretudo no consumo privado e investimento, compensando o abrandamento da componente externa (tanto do lado das exportações, como das importações). A juntar a isto, o mercado laboral continua rígido apesar da taxa de desemprego de 10,6%, ainda bastante acima dos 6,3% de média na zona euro, dando suporte ao consumo das famílias.
O ponto fraco desta dinâmica continua a ser a produtividade, destaca a análise do banco ING. Os ganhos de emprego no último trimestre “foram sobretudo em posições de part-time”, lê-se na nota do banco neerlandês, enquanto a produtividade por hora de trabalho caiu 1,1% em relação ao trimestre anterior.
Olhando para este ano, tanto o ING, como a Pantheon Macro antecipam um ligeiro abrandamento no crescimento trimestral em cadeia, mas admitem rever em alta as suas projeções face à força demonstrada pela economia espanhola. Ambas as instituições apontam para um crescimento de 2,2% este ano, o que, a concretizar-se, voltaria a pulverizar o crescimento anémico da zona euro, que não deve passar de 1%.
O investimento deverá continuar a suportar a economia, sobretudo com a descida esperada das taxas de juro no bloco da moeda única, compensando a fraqueza da componente externa. Quanto ao consumo interno, este deverá abrandar significativamente dado o fim da recuperação dos rendimentos reais das famílias, enquanto os gastos públicos voltam a estar condicionados pela regras orçamentais europeias.
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