A contribuição virtuosa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em Espanha permitiu que a inflação tivesse estacionado nos 2,8% em fevereiro, seis décimas a menos que em janeiro, mês em que foi quebrada a sequência de quedas consecutivas desde outubro de 2023.
A inflação espanhola – que compara com os 2,1% atingidos na mesma altura pela economia portuguesa – volta assim ao campo das descidas. A moderação do IPC homólogo confirmada esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e citado pelos jornais espanhóis devolve a inflação às descidas após a recuperação em janeiro e está no nível mais baixo desde agosto passado, quando atingiu os 2,6%. Além disso, o índice está abaixo da barreira dos 3% após cinco meses consecutivos acima desse patamar.
A queda homóloga dos preços da eletricidade e dos alimentos contribuiu para o abrandamento do crescimento do IPC, depois de ter reduzido o crescimento do grupo habitação em 4,2 pontos na taxa homóloga, para -2,7%. O inverso aconteceu com a gasolina, que ficou mais cara do que em fevereiro de 2023 e empurrou o índice para o crescimento por ‘culpa’ dos transportes, que elevou sua taxa anual em 2,5 pontos, para 2,4%.
Os preços dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas subiram 5,3% em termos homólogos, face aos 7,4% de janeiro, referem ainda as mesmas fontes. Este é o menor crescimento desde janeiro de 2022 e deve-se às quedas nas leguminosas, verduras e carnes. De notar que ‘queda’ não quer dizer recou dos preços, mas menores crescimentos.
Os maiores aumentos homólogos em fevereiro registaram-se no azeite (+67%), transporte marítimo de passageiros (+23.1%), sumos de fruta e legumes (+18.8%), pacotes turísticos domésticos (+18.7%) e metro (+17.4%).
O azeite não só lidera o grupo geral de aumentos, mas também lidera, mais uma vez, o aumento dos preços dos alimentos. Em termos homólogos, o preço daquele produto subiu 67%, mas no mês subiu 5,3%. Se o crescimento for calculado entre janeiro de 2021 e fevereiro de 2024, o preço do azeite aumentou 191,1%. A explicação por via do aumento dos preços dos fatores de produção é, por isso, uma explicação que não tem qualquer tração à realidade.
Na sua avaliação dos dados, o Ministério da Economia indica, citado pelos jornais espanhóis, que os valores “demonstram a capacidade da economia espanhola para compatibilizar o maior crescimento económico entre os principais países da Zona Euro com moderação nos preços e com a manutenção das medidas de apoio social de apoio aos mais vulneráveis” e sublinhou que esta redução sustentada da inflação está a permitir melhorar o poder de compra das empresas. famílias e a competitividade das empresas espanholas.
Em termos mensais (fevereiro sobre janeiro), o IPC aumentou 0,4%, mais uma décima que o avançado pelas Estatísticas. Este aumento, o maior desde agosto de 2023, deve-se ao aumento do preço dos combustíveis, serviços de alojamento, restauração e pacotes turísticos, enquanto os preços da eletricidade e do vestuário e calçado (devido às vendas de inverno) caíram 1,3% e 1,8%, respetivamente.
Mais concretamente, os maiores aumentos mensais de preços foram os do metro (16,6%), dos pacotes turísticos domésticos (11,7%) e da hotelaria (11,5%), enquanto as hortaliças (-6,4%) e a eletricidade (-5,2%) foram as que mais caíram.
O desempenho da inflação entre janeiro e fevereiro avançou 0,5% numa base mensal, face aos 0,4% de queda no mês anterior, ou seja, assinou uma recuperação de nove décimas. O INE calcula ainda o que seria o IPC sem ter em conta as reduções e variações fiscais (IPC a impostos constantes). Neste caso, a taxa homóloga atingiu 2,6% em fevereiro, duas décimas abaixo da taxa geral de 2,8%.
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