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Espanha: líder do Podemos deixa o governo de coligação

Falta de entendimento entre Pablo Iglesias e o chefe do governo, Pedro Sánchez, era uma evidência há vários meses. Oficialmente, Iglesias explica a sua saída porque quer concorrer a Madrid nas eleições de maio.
  • EPA / Paco Campos – Lusa
15 Março 2021, 11h48

O vice-presidente do governo espanhol, Pablo Iglesias (Juntas Podemos), decidiu deixar o executivo para se candidatar às eleições na Comunidade de Madrid, que decorrerão a 4 de maio. “Madrid precisa de um governo de esquerda e acho que posso ser útil. Tenho pensado muito sobre isso e decidimos que vou concorrer às eleições de Madrid ”, garantiu Iglesias numa mensagem gravada em vídeo.

A explicação na esconde a difícil co-habitação entre o Podemos e o PSOE no governo de coligação – e vem dar razão aos analistas que vaticinaram um entendimento complicado entre dois partidos que deram mostras de pouco apreço pela solução encontrada nos últimos dias de dezembro de 2019.

A coligação foi ‘arrancada a ferros’, depois de meses em que as negociações avançaram a um ritmo inesperadamente lento e sempre com grande dificuldade de entendimento. Finalmente, as duas formações acabaram por entender-se com base numa agenda comum em torno da reforma das leis laborais – desfazendo a anterior reforma feita pelo antigo executivo do Partido Popular – e do aumento dos impostos para os rendimentos mais elevados.

Mas desde cedo que ficou claro que o que separava o Podemos do PSOE do chefe do governo Pedro Sánchez era bem mais que aquilo que os unia. Dois temas acabaram por transformar-se num avatar difícil para os dois: a questão da saída do país do rei Juan Carlos e as eleições na Catalunha.

Iglesias foi bem mais incisivo que Pedro Sánchez quando Juan Carlos, acossado por evidências de corrupção, decidiu deixar o país rumando para parte incerta. Mas terá sido a questão catalã – com o Podemos a não acompanhar o chefe do governo na forma como o poder de Madrid se intrometeu na questão das eleições antecipadas – que acabou por contribuir decisivamente para o afastamento entre ambos.

Para os analistas, a saída de Pablo Iglesias não é mais que uma fórmula encontrada pelos dois partidos para manterem a coligação, subtraindo-a àquilo que aparentemente seria o seu ponto mais fraco: a dificuldade de entendimento entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias.

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