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Especialistas contra edição genética que resulte em embriões humanos

Apesar de “não haver motivos para proibir” a investigação, as organizações especialistas consideram inapropriada esta edição de genes da linha germinal que “culmine na gravidez humana”.
  • Krisztian Bocsi/Bloomberg
3 Agosto 2017, 20h40

A edição de genes em óvulos e espermatozóides que resultem em bebés foi o motivo da manifestação desta quinta-feira por parte de organizações internacionais formadas por especialistas em genética, noticia a Lusa, acrescentando que, no entanto, apoiam o uso da edição genética na investigação com fins terapêuticos.

A delcaração, subscrita por 11 organizações sediadas na América do Norte (EUA e Canadá), na Ásia, na África e na Europa, nomeadamente no Reino Unido foi divulgada na revista especializada The American Journal of Human Genetics, um dia após a Nature ter apresentado os resultados de uma experiência com embriões humanos onde foi corrigida uma mutação genética responsável por uma doença cardíaca hereditária, denominada de miocardiopatia hipertrófica.

De acordo com a agência de notícias, a experiência foi realizada por uma equipa internacional de investigadores que recorreram ao sistema de edição genética CRISPR-Cas9.

Derek Scholes, diretor para a Política Científica da Sociedade Americana de Genética Humana, uma das organizações que subscreveu a declaração, justifica que não obstante “da edição do genoma [informação genética] da linha germinal [células que originam células reprodutoras ou a próprias células reprodutoras]” poder ser utilizada, na sua teoria, “para evitar que uma criança nasça com uma doença genética, o seu potencial uso levanta uma infinidade de questões científicas, éticas e políticas”.

Acrescenta o diretor que “estas questões não podem ser respondidas só por cientistas” e precisam “de ser debatidas pela sociedade”.

 

Apesar de “não haver motivos para proibir” a investigação e o financiamento público, as organizações que assinaram a declaração consideram inapropriada esta edição de genes da linha germinal que “culmine na gravidez humana”. Contudo, deve ser realizada com “supervisão e consentimento apropriados”, e antes de qualquer aplicação clínica futura da edição genética, deve haver “uma base de evidências que apoie o uso clínico”, bem como “uma justificação ética”, conclui a Lusa.

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