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Espiões chineses tentaram boicotar reunião internacional em Fátima por causa do bispo de Hong Kong

“Infelizmente, houve tentativas de perturbar o encontro, uma das quais testemunhei pessoalmente, por pessoas que queriam bloquear a participação do Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, de Hong Kong”, denunciou o embaixador norte-americano em Portugal à revista Sábado, explicando que “as autoridades portuguesas impediram estas tentativas”.
  • Reuters
5 Setembro 2019, 13h32

Nos últimos dias de agosto, Fátima foi palco do 10º encontro da International Catholic Legislators Network (ICLN), sendo que os perto de 200 participantes ficaram hospedados num hotel a poucos metros do Santuário de Fátima. Esta foi a primeira vez que a reunião anual, que junta políticos cristãos e líderes da igreja, aconteceu fora do Vaticano.

A revista Sábado revelou esta quinta-feira, 5 de setembro, que a embaixada chinesa estava a organizar uma operação subversiva, cujo objetivo era perturbar a reunião devido à presença de dois deputados do governo de Hong Kong e do Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, que se assumiu contra o regime de Pequim e apoiante dos protestos.

Os funcionários da embaixada da China em Portugal tentaram várias vezes entrar no hotel, de forma a perceber o que estava a ser discutido na reunião, além de fotografar os participantes. Fontes nacionais presentes no evento classificaram as condutas dos funcionários chineses como “inaceitáveis”, uma vez que se trata de representação diplomática estrangeira em território nacional.

O embaixador norte-americano, George Glass, e o chefe de gabinete de Donald Trump, Mike Mulvaney, estiveram presentes no encontro em Fátima e afirmaram que “infelizmente, houve tentativas de perturbar o encontro, uma das quais testemunhei pessoalmente, por pessoas que queriam bloquear a participação do Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, de Hong Kong”, afirmou o embaixador norte-americano, explicando que “as autoridades portuguesas impediram estas tentativas”.

A revista Sábado revela ainda que o Ministério dos Negócios Estrangeiros está a investigar a conduta dos diplomatas chineses. O gabinete de Augusto Santos Silva esclareceu que “teve conhecimento de que estiveram funcionários da embaixada da China em Fátima, desconhecendo qual o seu intuito”. A fonte da revista assumiu ainda que Portugal não restringe a movimentação de diplomatas creditados e que “Portugal tem boas relações com a República Popular da China e assim pretende continuar”.

As mais altas instâncias nacionais já estão a investigar o caso dos funcionários da embaixada chinesa, estando a ser encarado com preocupação, pois ainda não foi descartada a hipótese de se tratarem de agentes dos serviços de informação chineses.

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