O primeiro-ministro distanciou-se do despacho do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que a 10 de maio autorizou a celebração da conquista do título de campeão de futebol pelo Sporting, depois de a deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, lhe ter perguntado durante o debate sobre o estado da nação, que está a decorrer na Assembleia da República, se o ministro “assinou esse despacho à sua revelia ou com o seu conhecimento”.
“Não conhecia o despacho e não dei instruções”, garantiu o primeiro-ministro, numa “resposta telegráfica” que lhe tinha sido pedida pela deputada centrista, que tinha levantado a hipótese de Eduardo Cabrita ter permitido, à revelia de pareceres em contrário, os festejos do clube – associados ao aumento da incidência de casos de Covid-19 -, que incluíram concentração de pessoas e a instalação de um ecrã gigante junto ao Estádio de Alvalade e um cortejo do autocarro da equipa até à rotunda do Marquês de Pombal, com o conhecimento ou seguindo mesmo instruções de António Costa.
“Isso explicaria que o ministro ainda hoje seja ministro, perante a perplexidade do país”, dissera antes Cecília Meireles, que também questionou o primeiro-ministro sobre a reinstitucionalização da Casa do Douro, garantida pela ministra da Agricultura como prevista para o terceiro trimestre deste ano, “fazendo letra morta” de um acórdão do Tribunal Constitucional. Nesse ponto, António Costa respondeu que esteve em causa uma iniciativa parlamentar [permitida pelos grupos parlamentares do PS e do PCP], em que o Governo não teve intervenção.
Por último, a deputada centrista questionou as prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência no que toca à fatia dedicada às empresas, após António Costa ter dito na intervenção inicial no debate parlamentar que além dos 30% dedicados à iniciativa privada o sector empresarial também beneficiará dos contratos lançados pela Administração Pública.
Cecília Meireles disse que o Governo irá beneficiar “empresas que sabem mexer-se bem nos corredores do poder”, naquilo a que disse corresponder a uma “visão profundamente clientelar da economia e do que deve ser o desenvolvimento económico que é natural quer no país quer no PS”. Perante isso, António Costa limitou-se a dizer que tal visão “seria tão disparatada que nem a mim me ocorreria”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com