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Estado da nação: Livre diz que Governo está “na sombra do Chega” e fez de Ventura “líder da situação”

“Até dispensaram ao senhor deputado André Ventura o cumprimento da promessa que fez de criar um Governo sombra, porque o Governo sombra já está aqui: é este Governo, na sombra do Chega e sem sombra de uma ideia acerca do debate que seria possível fazer com os partidos que se revêm nesta República e que não a querem destruir acerca do futuro do país”, criticou o porta-voz do Livre, no debate sobre o estado da nação, no parlamento.
O cabeça de lista por Lisboa do partido Livre, Rui Tavares, momentos antes da entrega das listas de candidatos a deputados à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa, no Juízo Central Cível de Lisboa, Palácio da Justiça, em Lisboa, 20 de dezembro de 2021. As eleições legislativas realizam-se a 30 de janeiro. ANDRÉ KOSTERS/LUSA
17 Julho 2025, 18h25

O porta-voz do Livre Rui Tavares ironizou hoje que o executivo dispensou o presidente do Chega de apresentar um “governo sombra” ao colocar-se “na sombra” do partido de André Ventura, nomeadamente em matéria de imigração.

“Até dispensaram ao senhor deputado André Ventura o cumprimento da promessa que fez de criar um Governo sombra, porque o Governo sombra já está aqui: é este Governo, na sombra do Chega e sem sombra de uma ideia acerca do debate que seria possível fazer com os partidos que se revêm nesta República e que não a querem destruir acerca do futuro do país”, criticou o porta-voz do Livre, no debate sobre o estado da nação, no parlamento.

Rui Tavares interpelava o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acusando-o de ter feito de André Ventura, não o líder da oposição mas “líder da situação”.

O deputado do Livre criticou o Governo por ter dialogado, até agora, apenas com Chega, PS e IL, mas chegou a agradecer-lhe, de forma sarcástica, por não ter sido convidado para “uma farsa na qual se faz de conta que se dialoga e se acaba a fazer o que o Chega quer”.

Lembrando que o chefe do executivo e líder do PSD, Luís Montenegro, repetiu durante a campanha eleitoral a expressão “não é não” quando fazia referência ao Chega, Tavares admitiu que “na letra miudinha” tal podia apenas referir-se a eventuais coligações pré e pós-eleitorais.

Mas aquilo que as pessoas “ouviram alto e bom som”, continuou, é que o PSD, como partido fundador da democracia, iria impor-se “contra a desinformação, contra a desumanidade, contra a forma com que a extrema-direita tem de desumanizar, de odiar e de dividir as nações, precisamente com o tema da imigração em Portugal ou em qualquer lugar do mundo”.

Na resposta, Luís Montenegro disse que o Governo tem “memória e responsabilidade” e quer cumprir o seu programa, com o qual o Livre vai naturalmente discordar.

Tal não significa, salientou, que o executivo não tenha capacidade de dialogar com diferentes forças políticas, incluindo o Livre.

No que toca ao tema da imigração, Luís Montenegro voltou a defender a visão do executivo, contrapondo-a à dos deputados das bancadas na esquerda do hemiciclo.

“Nós estamos a promover uma política de regulação que simultaneamente dignifica também a vida dessas pessoas”, considerou.

O primeiro-ministro acrescentou que “pode ser que haja outros temas” nos quais o diálogo com outras forças políticas seja possível.

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