Diz-se em gestão que mais vale uma má decisão do que uma indecisão, mas desde a demissão de António Costa, em novembro do ano passado, que parece que o país se encontra num estado de suspensão de todas as atividades.

Esta inexplicável (e infelizmente habitual) inércia e indecisão que afeta Portugal num ano de eleição é profundamente nociva para os negócios, as instituições e a economia no geral.

Sendo certo que as eleições são sempre uma fonte de incertezas e de pressões várias, e constatando que as incertezas a respeito das eleições de 10 de março parecem estar envoltas em mais ambiguidade do que o normal, não deveria haver desculpa para sucumbir ao estado de inércia que aparenta contagiar a nossa sociedade.

Em particular, é preciso reconhecer que as mudanças sociais e tecnológicas, o aumento de preços, as flutuações de taxa de juro, as instabilidades geopolíticas não vão parar e não dependem dos resultados eleitorais, e que o clima macro atual não permite a inércia durante muito tempo. Uma “pausa” no ano eleitoral tende a atrasar negócios e adiar decisões e não favorece a performance e os resultados das empresas.

O contexto imprevisível e incerto no qual operamos exige uma abordagem frontal, consistente, corajosa e audaz. Falamos incessantemente na capacidade das empresas se adaptarem à rápida evolução e mutação do mercado, mas o comportamento de alguns decisores não reflete este discurso.

Uma boa metáfora para a necessidade de estar sempre em movimento é a canoagem. Quando as correntes aceleram, para sobreviver aos rápidos e manter o controlo, é necessário corresponder ao aumento da velocidade, criando e mantendo o próprio impulso relativo. Para manter a estabilidade é preciso remar mais rápido do que a corrente. Este conceito, a estabilidade dinâmica, é o movimento e a rapidez da ação que previne que a canoa vire!

Em paralelo, as empresas que não se adaptam correm o risco de ficarem para trás. As empresas portuguesas precisam de prosperar apesar do contexto ambíguo e incerto. Infelizmente, neste momento, parece que a velocidade da tomada de decisões não acompanha o ritmo da mudança e a exigência dos desafios.

Num ano eleitoral, e com toda as adversidades atuais, as empresas precisam de superar a inércia e a indecisão para que possam navegar neste ambiente dinâmico, pois o mundo não para, e ninguém sabe se estas eleições ficarão resolvidas na próxima semana…

Assim, recomendo retirarem o sinal do “volto já” e substituírem por “trabalhos em curso”!