[weglot_switcher]

Estado vai renegociar com a ANA para incluir oleoduto no aeroporto do Montijo

O ministro das Infraestruturas garantiu que vai ser construído um ‘pipeline’ entre Aveiras de Cima e o aeroporto Humberto Delgado, para evitar a dependência desta infraestrutura do abastecimento por camionistas.
10 Setembro 2019, 18h47

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, revelou ontem, dia 9 de setembro, à noite, em entrevista ao programa ‘Tudo é Economia’, da RTP3, que o Governo pretende renegociar o contrato de concessão com a ANA para incluir no projeto para o aeroporto do Montijo a construção de um oleoduto para abastecimento de combustível àquela infraestruturas, caso ela seja autorizada pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente.

O [aeroporto do] Montijo não estava no contrato negociado com a ANA, mas teremos de reabrir esse ‘dossier’, porque não faz sentido nenhum um novo aeroporto não ter também a ligação em oleoduto, para não ficar dependente. E porque é mais limpo, ambientalmente mais seguro fazer o transporte [de combustível] em oleoduto do que estarmos com centenas de camiões”, justificou o governante.

Esta revelação confirma uma notícia avançada pelo Jornal Económico em primeira mão no passado dia 2 de agosto.

De acordo com essa notícia, “se for construído tal como está previsto neste momento, o futuro aeroporto do Montijo só terá autonomia de combustível para três dias”.

“Segundo o resumo não técnico do estudo de impacto ambiental desta infraestrutura, que desde o início desta semana está disponível no site oficial da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, “no aeroporto Montijo está prevista uma área de armazenamento de combustíveis para o abastecimento de aeronaves, designada por Grupo Operacional de Combustíveis (GOC), constituída por três tanques de Jet-A1 [combustível específico para os aviões] com uma capacidade nominal de 2.750 metros cúbicos, cada (até 2042); três reservatórios de AvGas, de 30 metros cúbicos, cada; e dois reservatórios de ‘defuelling’ (Jet A1), de 30 metros cúbicos, cada”.

A questão da autonomia de abastecimento de combustível foi colocada com as greves convocadas pelos motoristas de matérias perigosas, nomeadamente em abril e em agosto passado.

Pedro Nuno Santos reconhece que “vai ser sempre difícil” solucionar esta questão.

“Vamos conseguir resolver o problema de abastecimento do aeroporto [Humberto Delgado] porque vamos avançar com a construção de um oleoduto para o aeroporto [desde Aveiras de Cima]. Desse ponto de vista, é sempre a estrutura crítica, que tem reservas que duram poucos dias, e que será resolvida”, garantiu o ministro das Infraestruturas.

No entanto, o governante considera que “será sempre muito difícil resolver aquilo que é a distribuição de combustível para uma rede com elevado nível de capilaridade por todo o território”.

“Verdadeiramente, eu diria que nós temos, de forma crescente, de fazer a migração da rodovia para a ferrovia. Tenho-me batido muito pela ferrovia de pessoas, de mercadorias, mas também no transporte de combustível. Ainda agora a Autoeuropa decidiu recorrer à ferrovia [para transporte dos automóveis produzidos na fábrica de Palmela para o porto de Setúbal]”, salientou.

Pedro Nuno Santos adiantou ainda que “o porto de Leixões está em contacto com a PSA em Mangualde para que o mesmo passe a acontecer: a PSA de Mangualde usa camiões; para poder passar a usar a ferrovia, quando tivermos a linha da Beira Alta já em pleno funcionamento”.

“Portanto, nós temos de fazer essa migração. E, depois, temos um grande desafio que o país tem de vencer, que é o da transição energética. Sabemos que o problema de séculos do país, que não está resolvido é o desequilíbrio da sua balança externa. Há muitas formas. Esse é um grande debate. Mas uma das componentes que pesa mais nas nossas importações são os combustíveis fósseis, que nós não temos cá. A transição energética cumpre vários objectivos. Um deles é diminuir a dependência do transporte rodoviário e de combustíveis”, defendeu o ministro das Infraestruturas.

Sobre a possibilidade de construção de um oleoduto para o aeroporto de Faro, Pedro Nuno Santos foi mais cauteloso.

“Não está ainda estudada essa possibilidade [de oleoduto]. O transporte de combustível para o aeroporto de Faro é feito em ferrovia até ao Algarve, e depois é transportado por camião. É uma deslocação menor, mas ela ainda é feita. Esse caso será mais difícil porque tem menos consumo do que tem o [aeroporto] Humberto Delgado, mas obviamente que nós também temos que encontrar a prazo, no futuro, uma resposta para o aeroporto de Faro. Estamos a falar de um investimento maior para um aeroporto com menos actividade”, alertou o ministro das Infraestruturas.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.