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Estados Unidos aumentam pressão sobre a Europa para banirem a China das redes 5G

Está instalada a guerra em torno da nova geração das redes cibernéticas. A Casa Branca alerta para que, se a Huawei e a ZTE, por exemplo, operarem livremente na Europa, a cooperação transatlântica será seguramente afetada.
14 Abril 2019, 09h00

Os Estados Unidos querem que os Estados “considerem muito cuidadosamente como adotam a estrutura de construção das redes 5G, bem como a cadeia de fornecedores que farão parte dessa infraestrutura”, uma vez que a novíssima arquitetura prestes a chegar às mãos de todos por via dos smartphones envolve níveis de segurança (e a possibilidade da sua corrupção) muito significativos.

A preocupação é a tal ponto, que a Casa Branca colocou Robert Strayer, subsecretário adjunto para Assuntos Cibernéticos e Internacionais, Política de Comunicações e Informações do Gabinete de Assuntos Económicos e Comerciais do Departamento de Estado dos Estados Unidos, a realizar um périplo pelos países europeus no sentido de impedir potenciais quebras de segurança.

Em ‘conference call’ com um grupo restrito de órgãos de informação europeus, de que o Jornal Económico faz parte, Robert Stratyer afirmou que “em particular, achamos muito importante que os países que implementem redes 5G considerem a relação entre governos estrangeiros em que um fornecedor está sediado e as próprias empresas nesse país”.

Em causa está, claramente, a China e a Huawei, empresa que está eventualmente no topo da cadeia de investigação das redes 5G e que é crescentemente acusada de ser um instrumento de espionagem do próprio governo chinês.

Strayer nem sequer quis disfarçar: “quando olhamos para as leis chinesas relativas à inteligência e à segurança, elas permitem que o governo chinês direcione as ações das empresas para interesses da China, assim como exigem que as empresas mantenham sigilo sobre as ações que adotaram”.

Nesse quadro, “é muito importante distinguir como as democracias ocidentais operam em relação às suas empresas e fornecedores do setor privado e como o governo chinês opera com as suas empresas. Elas não têm a capacidade de ir a tribunal e estão basicamente sob a direção do Partido Comunista da China e do executivo do governo”, disse.

Para subsecretário, o argumento do preço também não colhe: “devido ao número muito significativo de vulnerabilidades que expostas no Huawei Oversight Report, a longo prazo custa muito mais corrigir essas vulnerabilidades”.

E há também a questão da concorrência: “o governo chinês, por meio de bancos estatais e outras fontes, forneceu, em alguns casos a custo zero, empréstimo a 20 anos que não são comercialmente razoáveis, o que é injusto para as tecnológicas ocidentais, que deveriam competir em igualdade de condições”.

Se todos estes aspetos forem considerados, disse, “isso levará inevitavelmente à proibição da Huawei e da ZTE [outra tecnológica chinesa]”. O que, para já não só não está a acontecer, como sucede que, por exemplo na Alemanha e no Reino Unido, onde está a ser construído um edifício legal fortemente restritivo em termos de segurança das redes 5G, optaram por não proibir as tecnológicas chinesas de operarem no mercado.

“Com base em padrões de segurança e de riscos, a Huawei e a ZTE não cumprem critérios de confiança, não sendo fornecedores suficientemente confiáveis”, insiste, sobre esta matéria, Robert Strayer. É por isso que “sabemos que seria muito difícil para nós partilharmos informações da forma que temos feiro no passado. Ainda não tomámos decisões, apenas sabemos que seria muito difícil e isso poderia interferir na nossa capacidade de colaborar”. “Se houver fornecedores não confiáveis ​​na rede de outro país, colocaremos em causa a nossa capacidade de cooperar com eles, em vários aspetos”, reforçou.

O subsecretário de Estado repetiu as acusações contra os operadores chineses: “exatamente 15 países, os Estados Unidos e outros 14, uniram no dia 20 de dezembro para dizerem que sabemos que foi a China, através do APT10 Group, que comprometeu a infraestrutura de nuvem global no que se chama provedores de serviços gerenciados para roubar propriedade intelectual de mais de uma dúzia de países. França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, entre outros. Roubou essa informação e depois usou-a para a fornecer às suas próprias empresas, de modo que elas tinham uma vantagem competitiva”.

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