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“Estamos confiantes nas próximas revisões dos corredores turísticos”

Os Açores têm notoriedade global como destino seguro em tempo de pandemia. O próprio Reino Unido deixou de desaconselhar viagens ao arquipélago, embora sem efeito prático, diz a secretária regional.
18 Julho 2020, 13h00

Até junho quais os estabelecimentos hoteleiros que se mantinham abertos?
No final de junho, dos 302 estabelecimentos turísticos em funcionamento na Região Autónoma dos Açores, 134 encontravam-se formalmente encerrados, sendo que destes, 70 correspondiam a unidades de hotelaria tradicional, entre as quais 50 hotéis. Neste momento, já se verifica uma reabertura gradual das unidades hoteleiras.

 

O que foi feito para preservar empregos na indústria do turismo e potenciar a reabertura de estabelecimentos, restaurantes, rent-a-car, animação turística e outras atividades ligadas ao setor?
O Governo dos Açores implementou, desde logo, um conjunto de medidas alargadas aos diversos setores de atividade, com o objetivo de minimizar as consequências na vida dos açorianos da situação resultante da pandemia de Covid-19. Focando-nos no setor do turismo, a prioridade tem sido o apoio à proteção do emprego e dos postos de trabalho, assim como a emergente necessidade de liquidez por parte das nossas empresas. Foi feita uma avaliação, de forma muito rápida, e através da criação de um grupo de trabalho que se reúne semanalmente desde o início de março, às condições especiais que tinham de ser criadas para acudir à realidade empresarial regional, principalmente, assegurando algumas componentes de apoio não reembolsável e, assim, proporcionando uma redução dos rácios de endividamento para as empresas que as linhas nacionais iriam obrigar. Na componente dos efeitos económicos desta situação, foi decidido aplicar diretamente à Região todas as medidas de apoio às empresas definidas a nível nacional, procedendo-se, quando necessário, às devidas adaptações.

De entre os vários apoios específicos implementados pelo Governo, que já ultrapassam as 60 medidas, gostaria de destacar algumas, pela sua especial relevância para o setor do turismo:
1) O Apoio à manutenção do emprego para antecipação de liquidez nas empresas no mês de abril de 2020;
2) O Complemento Regional ao lay-off simplificado, prorrogado até ao final de julho, através do qual a Região assume a quase totalidade da componente do vencimento dos trabalhadores que no resto do país é assumida pelas empresas;
3) E, para o qual, a partir de agosto, o Governo dos Açores cria o Complemento Regional ao Lay-off Normal, abrangendo as empresas beneficiárias da prorrogação do Layoff Simplificado e que ainda não estão em condições de retomar a sua atividade normal;
4) O Programa de apoio à adaptação das empresas no contexto da COVID-19;
5) O Incentivo Regional à Normalização da Atividade Económica, reforçando o apoio às empresas que retomem à sua atividade normal após o lay-off e que mantenham o emprego dos seus trabalhadores;
6) A medida Qualifica+, com um apoio adicional a atribuir diretamente aos trabalhadores que frequentem formação profissional no valor de 15% do salário mínimo regional, acrescido do subsídio de refeição, o que constitui um novo complemento ao rendimento dos trabalhadores;
7) O aumento em 10% da comparticipação a fundo perdido dos investimentos privados executados no âmbito do Competir+ no setor do turismo.
8) O Programa de Manutenção do Emprego, com aumento do apoio às empresas do setor turístico, alargando para nove meses a referência de apoio à manutenção do emprego por cada trabalhador.
9) O Programa de Apoio à Restauração e Hotelaria para aquisição de produtos açorianos Marca Açores, que passou a ser dirigido também à hotelaria e restauração;
10) Ou a Linha de Crédito de apoio à economia COVID-19 específica para empresas dos Açores, num valor global de 150 milhões de euros, que soma aos já cerca de 105 milhões de euros que as empresas dos Açores tinham conseguido aprovar nas linhas nacionais.

 

Definindo-se o arquipélago como um destino de “natureza”, quais as atividades que estão em condições de relançarem a indústria?
Os Açores são um destino por excelência de Turismo Natureza Ativo que, pela autenticidade e diversidade dos seus recursos naturais e culturais, encerra em si ofertas muito atrativas para um turista adepto do contacto com a natureza, que podem ser exploradas das mais variadas formas: a pé, de bicicleta, de carro, de avião, de barco, em viagens individuais ou em família, grupos ou circuitos organizados.

 

Quais as iniciativas a nível de sustentabilidade ambiental que a Região tem desenvolvido?
Os Açores têm feito um caminho ímpar no desenvolvimento do turismo, antecipando um conjunto de trabalhos de organização e planeamento em prol do território e do setor, estando alinhados com as medidas que hoje, os viajantes mais exigentes, procuram nos melhores destinos turísticos mundiais. Somos um exemplo de boas práticas na área da sustentabilidade, com uma notoriedade internacional muito positiva, por nos termos afirmado, no mercado turístico, como o primeiro e único Arquipélago do Mundo certificado, pela EarthCheck e ao abrigo dos rigorosos critérios da Global Sustainable Tourism Council, enquanto Destino Sustentável, bem como a única região do país com tal distinção. Naturalmente que esta certificação potencia a nossa atratividade e, consequentemente, o seu sucesso enquanto destino turístico de referência mundial, não obstante também as responsabilidades que nos coloca enquanto oferta de referência nesta matéria. No contexto atual que vivemos, acreditamos que o trabalho desenvolvido neste posicionamento vai, precisamente, ao encontro das motivações daqueles que decidirem viajar: optando por destinos que oferecem condições de segurança sanitária associadas a uma oferta de descanso e lazer desmassificada.

 

Que impacto espera ter com a inclusão de Portugal nos países de risco por parte do Reino Unido? Como entende esta decisão depois de os Açores terem sido incluídos pela European Best Destinations entre os destinos mais seguros para viajar?
A distinção da European Best Destination, considerando os Açores como um dos destinos mais seguros na Europa em 2020, é motivo de orgulho no trabalho feito até aqui e é um dos melhores reconhecimentos que poderíamos receber este ano, motivando-nos a continuar o caminho que temos percorrido no combate à pandemia de covid-19 e na retoma da atividade turística. Até porque se trata de uma distinção que tem por base as medidas de segurança sanitária no setor do turismo e nas suas atividades conexas, o baixo número de casos e a segurança no serviço de saúde local, para além do seu posicionamento enquanto destino de natureza. Seguramente que, por esta via, os Açores ganham notoriedade internacional como destino seguro face à nova normalidade que vivemos e, apesar de, neste momento, ainda se manterem as quarentenas para os passageiros que chegam ao Reino Unido, importa dar nota que este país reconheceu os Açores, precisamente, como destino seguro, deixando de desaconselhar viagens para o nosso arquipélago. Naturalmente que é com satisfação que encaramos este reconhecimento, apesar de ainda não ter efeitos práticos, e faz-nos estar confiantes que em próximas revisões destes corredores turísticos, os Açores possam estar incluídos no fim das quarentenas impostas no regresso após visita ao arquipélago.

 

Que estratégia tem no curto prazo para relançar o turismo dos Açores a nível internacional?
Nesta nova realidade importa sabermos conviver com o vírus. Importa ter consciência de que, mais do que existir um novo caso positivo, temos de controlar as cadeias de transmissão, para que consigamos controlar a disseminação do vírus. No fundo, sermos capazes de testar, identificar, atuar e tratar, sempre que for necessário. É esta a mensagem que importa transmitir a todos os açorianos e a todos aqueles que pretendem visitar-nos, porque o turismo é uma atividade essencialmente de pessoas (quem recebe, os açorianos) e para pessoas (os nossos turistas) e, como tal, retomámos esta atividade assegurando todas as questões de saúde pública. Neste contexto, não abdicamos da testagem que realizamos a todos os passageiros que entram na Região, independentemente da sua residência ou motivo de viagem. É a melhor forma que temos de garantir a segurança de todos e de que a sua estada nos Açores se procederá em clima de total conforto no que a estas matérias de saúde pública diz respeito, uma vez que a nossa prioridade é receber os turistas em segurança, para que tenham confiança de escolher o Destino Açores. Esta será, seguramente, a nossa melhor promoção; o nosso melhor cartaz.

Em termos de segmentação e esforços de marketing, a nossa estratégia mantém-se centrada na captação de mercados de alto valor, fomentando o crescimento da procura de visitantes ambientalmente conscientes, que desejem circular por várias ilhas, que também viajem na época baixa, que tenham consumos elevados no destino, que pratiquem muitas atividades ou que tenham tendência a repetir a visita.

Neste momento, gostaria de sublinhar que a retoma da atividade turística foi preparada, amplamente, por todos os agentes deste setor e estamos prontos para receber os nossos turistas em segurança, aqui, com destaque para a forte adesão ao selo ‘Clean & Safe Açores’, um programa específico para a Região, atribuído com base no Manual de Boas Práticas covid-19, elaborado em conjunto com a Autoridade de Saúde Regional e discutido com as entidades representativas do turismo, e que se assume como uma medida essencial na retoma gradual do setor, preparando as empresas desta atividade, ao mesmo tempo que transmite uma mensagem de segurança relativamente às questões de saúde pública.

 

Que papel têm neste relançamento da economia as companhias aéreas TAP e SATA?
Naturalmente que, pela nossa condição insular, a retoma do setor depende, e muito, das ligações áreas. Neste âmbito, não posso deixar de destacar, principalmente, a importância de termos a nossa companhia, a Azores Airlines, determinante em todas as soluções a implementar, durante esta retoma gradual que estamos a levar a cabo, primeiramente, dedicada ao mercado regional e, em segundo lugar, com uma aposta no mercado nacional; a par da oferta ampla proporcionada pela TAP, onde se destaca também a sua rede internacional, mas também da oferta da própria Ryanair, com um papel igualmente muito positivo no restabelecimento da normalidade das ligações.

 

É possível dar uma indicação do resultado do incentivo dos 150 euros criado para dinamizar o turismo interno?
O Governo Regional lançou a Campanha de turismo interno ‘Viver os Açores’, que arrancou a 16 de junho e está em vigor até ao final do ano, com o slogan ‘Da sua ilha descubra o Arquipélago! Venha connosco Viver os Açores’, direcionada a residentes na Região. Lançámos esta campanha com o objetivo de incentivar a realização de viagens de férias e lazer dos Açorianos pelas suas ilhas, promovendo também, por esta via, a revitalização económica da Região através do turismo, onde os Açorianos podem optar pela descoberta destas nossas maravilhosas ilhas, fazendo férias na Região, enquanto mais uma estratégia presente nas medidas de retoma gradual que o Executivo tem levado a cabo. Até 25 de junho, com apenas 15 dias da implementação da Campanha, já se tinham inscrito mais de 1.700 açorianos de todas as ilhas do arquipélago, o que evidencia a procura e o interesse por esta iniciativa e o sucesso de uma medida de apoio relevante para os Açorianos. Acreditamos que, por via deste apoio financeiro, permite-se o acesso a um alargado número de famílias, promovendo a realização de férias cá dentro, com muitas viagens já concretizadas ou a acontecer neste momento. Este é um incentivo, que pode chegar a 175 euros por pessoa, ou, por exemplo, 475 euros para uma família com três pessoas e promove a dinamização de variados serviços turísticos de uma forma integrada, ou seja, permite a dinamização da oferta hoteleira, dos restaurantes, das empresas de animação turística e mesmo das agências de viagem, para além do setor dos transportes aéreo e marítimo.

Em suma, face à “nova normalidade” que se vive no âmbito da pandemia de Covid-19, temos de encontrar oportunidades nos desafios, sendo esta medida uma boa oportunidade para se incentivar os Açorianos a optarem pelo turismo interno, em todas as ilhas e locais do arquipélago, como forma de se vivenciarem realidades, culturas e ambiências distintas das suas, muitas vezes, menos conhecidas ou valorizadas. Esta é também uma faceta do nosso projeto de sustentabilidade, onde se reconhece que o turismo só será bom para os Açores quando for bom para os Açorianos – que são peça chave em todo o processo.

 

Que iniciativas estão a ser tomadas para atrair turistas do continente e das principais origens europeias e americanas?
Estão a ser articuladas com a ATA – Associação de Turismo dos Açores, entidade gestora da promoção do destino, diversas campanhas publicitárias institucionais, mas também promocionais em conjunto com operadores nacionais e estrangeiros, para o reforço e incentivo de fluxos turísticos para os próximos meses, de forma gradual, de acordo com a evolução da procura e a evolução epidemiológica de cada um dos mercados.

 

Quais as obrigações e procedimentos para quem hoje chega a um aeroporto açoriano vindo do continente, da Europa ou dos EUA?
Neste momento, para todos os passageiros, existem duas opções:
1. Trazerem consigo comprovativo de realização de teste RT-PCR ao vírus SARS-CoV-2 realizado nas 72 horas prévias ao embarque para os Açores. Neste caso, desde o dia 1 de julho que os passageiros podem realizar este teste num dos mais de 150 laboratórios localizados em território continental e convencionados pelo Governo dos Açores, sem qualquer custo. A lista pode ser consultada aqui: https://covid19.azores.gov.pt/wp-content/uploads/2020/07/Listagem-de-Laborat%C3%B3rios-e-Postos-de-colheita_03072020.pdf
ou
2. Realização do mesmo tipo de teste à chegada aos aeroportos da Região, com a recolha de amostras biológicas para esse fim, no momento do desembarque. Neste caso, o custo do teste é também suportado pelo Governo dos Açores e o passageiro tem de aguardar o resultado do mesmo em isolamento profilático, na sua residência ou no local onde estiver alojado.

Para ambas as opções, e caso a estadia do passageiro nos Açores se prolongue por sete ou mais dias, é exigido apenas mais um teste, no 6.º dia a contar da realização do primeiro teste. As crianças até aos 12 anos estão isentas da realização dos testes.

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