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“Estávamos à espera deste dia há décadas”. Primeiro objeto interestelar intriga cientistas

Este objecto, que os astrónomos não sabem se devem classificar como um asteróide ou um cometa, é o primeiro proveniente de outro sistema solar a ser avistado no nosso. A comunidade científica está entusiasmada.
21 Novembro 2017, 18h39

Um objecto ainda não identificado pelos astrónomos que o observaram poderá tratar-se do primeiro proveniente de outros sistemas solares a ser detectado pelos cientistas.

Provisoriamente chamado de A/2017 U1 (e baptizado pela equipa da Universidade do Havai de “Oumuamua”, a palavra havaiana para “um mensageiro vindo de longe que chega primeiro”) este objecto terá sido avistado a 19 de Outubro através de um telescópio do Havai. Rob Weryk, o primeiro a avistá-lo, terá pensado tratar-se de um asteróide “normal”, mas ao rever os dados mais tarde, apercebeu-se de que era “outra coisa”, “como nunca esperei encontrar. Em forma de charuto, o “Oumuamua” parece ter 400 metros de diâmetro e deslocar-se a uma velocidade de 25,5 quilómetros por segundo, mas por enquanto os cientistas não conseguem ainda dizer se trata de um asteróide ou de um cometa.

“Estávamos à espera deste dia há décadas”, declarou Paul Chodas, o responsável pelo Center for Near-Earth Object Studies da NASA. “Há muito que teoriza que objectos destes existem -asteróides ou cometas deslocando-se por entre as estrelas e ocasionalmente passando pelo nosso sistema solar – mas esta será a primeira observação”. No entanto, Chodas frisou ainda que “mais dados irão ajudar à confirmação”.

Ontem, a revista Nature publicou um artigo elaborado pela equipa da Universidade do Havai, apresentando novos dados e confirmando o “Oumuamua” como “o primeiro objecto interestelar no nosso sistema solar”.

Os telescópios terrestres localizados no Chile e no Havai já terão perdido de vista o “Oumuamua”, que estará a ser ainda seguido pelo Hubble e pelo Spitzer, à medida que está perto da órbita de Marte, e se desloca em direcção a Júpiter, onde chegará em Maio do próximo ano. Em 2022, deverá encontrar-se-á perto de Neptuno, e passará por Pluto em 2014, demorando muitos mais anos para chegar aos limites do nosso sistema solar. “Não fiquem tristes por chegar ao fim” disse Andy Rivkin, um astrónomo planetário da Universidade  de Johns Hopkins em Baltimore. “Fiquem felizes que o viram.”

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