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Estudante cria produto para limpar petróleo derramado no mar

César Filho, aluno da Universidade de Coimbra, criou um projeto inovador que vai permitir recuperar ambientes que tenham sido contaminados através de derrames de petróleo. Futuro passa por estender o projeto a outro tipo de poluentes.
24 Fevereiro 2019, 17h00

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) não consegue parar de somar projetos inovadores. César Cavalcante Filho é um estudante de doutoramento em Coimbra que está a ser reconhecido pela sua descoberta, que irá ajudar a recuperar ecossistemas marinhos danificados por poluição.

O projeto do jovem estudante de Química assenta no “desenvolvimento de um conjunto de géis com uma elevada capacidade de remediação de ambientes contaminados com petróleo”, o que poderia fazer com que a crise petrolífera da BP em 2010, evitasse a morte de tantos seres marinhos e aves.

Desenvolvido no âmbito do doutoramento de César Filho, com particular atenção na especialização em Química Macromolecular, o projeto baseia-se em uma solução inovadora com um custo relativamente baixo, que permite recuperar ambientes que tenham sido contaminados com hidrocarbonetos, que estão presentes no petróleo.

O investigador da FCTUC diz que optou por desenvolver um sistema polimérico em formato de gel porque estes conseguem ter um custo bastante reduzido, ainda que sejam criados com constituintes de origem natural e animal. César Filho utilizou no seu projeto uma substância designada quitosano, que pode ser encontrado nas carapaças de crustáceos como camarões, lagostas e caranguejos, e usou ainda pectina, uma fibra solúvel que pode ser extraída através de cascas de frutas cítricas, de maçãs e ainda através de batatas, tomates e beterrabas. O estudante de doutoramento considera a sua descoberta como “promissora” por ser preparada através de “metodologias simples”. Os géis foram criados pela primeira vez a quatro mãos, sendo que César Filho teve a ajuda e supervisão do professor Artur Valente, do departamento de Química da FCTUC.

Sabendo que os hidrocarbonetos podem ter efeitos adversos na saúde humana e que afetam o meio ambiente, a equipa de investigadores revela ter encontrado esta solução que mostra ser um método alternativo a utilizar para combater os que se usam atualmente na recuperação dos ecossistemas contaminados com os derivados do petróleo. Assim, “pretende-se a remoção eficaz de hidrocarbonetos do ambiente, quando ocorrem derrames de petróleo”.

Os testes que foram realizados no laboratório da Faculdade de Coimbra, em amostras que imitam situações reais, revelam um futuro promissor, pois “apresentam uma elevada capacidade de remoção dos hidrocarbonetos do petróleo”. Embora os resultados sejam satisfatórios para os dois investigadores, o estudante admite que existe a necessidade de se realizar “mais estudos para que estes materiais possam ser utilizados em condições ambientais complexas”, como grandes catástrofes provocadas por erro humano, como a de 2010 no Golfo do México.

Ainda assim, estão satisfeitos com o trabalho que foi desenvolvido porque “os resultados alcançados permitem prever as potencialidades dos géis sintetizados em aplicações ambientais reais”. O estudante acrescenta que “ainda há muito trabalho a fazer para que um produto completo com base nesta solução chegue ao mercado”.

César Filho garante que este não é o único projeto que está a ser desenvolvido pelo grupo de investigação a que pertence. Apesar de já conseguirem apresentar resultados para a remoção deste tipo de poluição, estão a desenvolver os mesmo géis com um potencial para “remoção de outros poluentes, que não hidrocarbonetos aromáticos”, o que vai permitir desenvolver outras potenciais aplicações.

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