Depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmar que a hidroxicloroquina não tem qualquer benefício para quem está infetado com a Covid-19, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, dirigiu-se à população brasileira e afirmou que o medicamento usado para a malária o tinha praticamente curado, incentivando a população infetada a seguir o seu exemplo, segundo a Reuters.
Bolsonaro disse numa entrevista na televisão que já tinha tomado duas doses iniciais de hidroxicloroquina, em conjunto com o antibiótico azitromicina, e afirmou que se sentiu melhor. O único arrependimento – disse o político brasileiro -, foi não ter usado o medicamento antes.
Existe, contudo, evidências de que a hidroxicloroquina e a cloroquina não beneficiam quem sofre com o novo coronavírus. A autoridade norte-americana para os medicamentos e alimentos, por exemplo, revogou em julho a autorização do uso de emergência para a hidroxicloroquina e cloroquina, dizendo que não era provável que os medicamentos fossem eficazes no tratamento do Covid-19 nesses pacientes.
Mesmo assim, Bolsonaro ignora as recomendações e pressiona o Ministério da Saúde do Brasil para expandir o acesso aos medicamentos, dispensando, entretanto, dois ministros – Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – que não concordaram com o presidente do Brasil e sugeriram uma abordagem mais cautelosa.
Um crítico contundente das medidas de confinamento no combate à pandemia da Covid-19, Bolsonaro, de 65 anos, largou as máscaras e ridicularizou o surto epidemiológico como uma “pequena gripe”. Em vez disso, ele confia hidroxicloroquina e na cloroquina, transformando-as na peça central do manual de combate ao vírus do seu governo.
“Se eu tivesse tomado a hidroxicloroquina preventivamente, ainda estaria trabalhando em vez de entrar em quarentena”, disse Bolsonaro. O presidente do Brasil acrescentou ainda “eu confio na hidroxicloroquina, e você?”.
O facto de Bolsonaro ter contraído a Covid-19 sinaliza a resposta fracassada do seu governo à pandemia no Brasil. Já mais de 1,7 milhões de pessoas no Brasil testaram positivo para o novo coronavírus e quase 68 mil morreram. Apenas os Estados Unidos têm números mais elevados.
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