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EUA e Irão devem reunir-se na próxima semana para discutir programa nuclear

O Irão e os Estados Unidos deverão reunir-se na próxima semana para discutir o avanço do programa nuclear iraniano, confirmou hoje fonte da administração norte-americana, depois de os dois lados terem assinalado “bons progressos” nas conversações.
19 Abril 2025, 22h29

O Irão e os Estados Unidos deverão reunir-se na próxima semana para discutir o avanço do programa nuclear iraniano, confirmou hoje fonte da administração norte-americana, depois de os dois lados terem assinalado “bons progressos” nas conversações.

Uma fonte do Governo dos Estados Unidos confirmou à agência Associated Press (AP) que, a dada altura durante as negociações em Roma, o enviado especial do Presidente, Donald Trump, Steve Witkoff, e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, conversaram pessoalmente.

Antes de se reunirem novamente em Omã, em 26 de abril, Araghchi disse que seriam realizadas conversações de nível técnico nos próximos dias. O facto de os especialistas discutirem detalhes de um possível acordo sugere avanço nas negociações e acontece numa altura em que Trump pressiona por um acordo rápido, ao mesmo tempo que ameaça agir militarmente contra o Irão.

As partes “fizeram um progresso muito bom nas discussões diretas e indiretas”, de acordo com um alto funcionário da administração Trump que falou sob condição de anonimato para discutir uma reunião diplomática privada.

Abbas Araghchi disse à televisão estatal iraniana que “as negociações foram realizadas num ambiente construtivo e (…) que estão a avançar”.

“Espero que estejamos numa posição melhor após as negociações técnicas”, estimou.

E acrescentou: “Desta vez, conseguimos chegar a um melhor entendimento sobre uma série de princípios e objetivos.”

Embora os EUA tenham dito que foram realizadas discussões diretas e indiretas, as autoridades iranianas descreveram-nas como indiretas, como as do passado fim de semana em Mascate, Omã, com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr al-Busaidi, a transitar entre eles em salas diferentes.

“Estas negociações estão a ganhar força e agora até o improvável é possível”, disse al-Busaidi no X.

Numa outra publicação, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Omã disse que as partes concordaram em continuar a conversar para procurar um acordo que garanta que o Irão está “completamente livre de armas nucleares e sanções, e mantendo a sua capacidade de desenvolver energia nuclear pacífica”.

O facto de as negociações estarem a decorrer representa um momento histórico, dadas as décadas de inimizade entre os dois países desde a Revolução Islâmica de 1979 e a crise dos reféns na Embaixada dos EUA.

Trump, no seu primeiro mandato, retirou-se unilateralmente do acordo nuclear do Irão com potências mundiais em 2018, desencadeando anos de ataques e negociações que não conseguiram restaurar o acordo que limitava drasticamente o enriquecimento de urânio de Teerão em troca do levantamento das sanções económicas.

O que está em risco é um possível ataque militar norte-americano ou israelita às instalações nucleares do Irão, ou os iranianos cumprirem as suas ameaças de desenvolver uma arma atómica.

Entretanto, as tensões no Médio Oriente aumentaram devido à guerra entre Israel e o Hamas em Gaza e depois de ataques aéreos dos EUA contra os rebeldes Huthi do Iémen, apoiados pelo Irão, terem matado pelo menos 80 pessoas e ferido centenas.

Antes do início das negociações com o Irão, Steve Witkoff reuniu-se em Roma com Rafael Mariano Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atómica, de acordo com uma pessoa familiarizada com a reunião que falou sob anonimato para partilhar detalhes que não foram tornados públicos.

A agência de vigilância nuclear da ONU seria provavelmente fundamental para verificar o cumprimento por parte do Irão caso fosse alcançado um acordo, como fez com o acordo de 2015 que o Irão assinou com as potências mundiais.

A capital de Omã, Mascate, acolheu a primeira ronda de negociações entre Steve Witkoff, e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, no passado fim de semana, quando os dois homens se encontraram pessoalmente após conversas indiretas.

Ali Shamkhani, conselheiro do líder supremo ayatollah Ali Khamenei, escreveu no X, antes das negociações, que o Irão não aceitaria desistir do seu programa de enriquecimento como a Líbia, ou aceitar utilizar urânio enriquecido no estrangeiro para o seu programa nuclear.

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