O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com um grande grupo norte-americano do retalho, entre os quais a Walmart, Home Depot, Lowe’s e Target, para discutir a questão das amplas tarifas que a administração pretende lançar sobre os mercados de onde importam uma parte substancial dos seus produtos.
Estas grandes cadeias norte-americanas, especialmente a Walmart e a Target, dependem fortemente de produtos importados, e as tarifas — incluindo taxas de 145% sobre a China — deverão aumentar a pressão sobre o consumo interno, já de si sobrecarregado pela inflação prolongada.
“Tivemos uma reunião produtiva com o presidente Trump e a sua equipa e agradecemos a oportunidade de partilhar as nossas ideias”, disse a Walmart em comunicado citado pela imprensa, sem adiantar mais pormenores. O CEO do grupo, Doug McMillon, esteve presente. Este é o primeiro encontro de McMillon com Trump desde a introdução das tarifas do chamado ‘Dia da Libertação’. No início de abril, McMillon afirmou que os dois não discutiram as tarifas pessoalmente, embora outros membros da liderança da Walmart mantivessem contacto regular com a administração.
Por seu turno, um porta-voz da Home Depot caracterizou a reunião como “informativa e construtiva”. Um representante da Target disse que o seu CEO, Brian Cornell, esteve presente na “reunião produtiva para discutir o caminho a seguir no comércio”. A Lowe’s preferiu não fazer qualquer comentário sobre o encontro.
Mais de metade das importações da Walmart e da Target são provenientes da China, segundo dados da própria empresa, enquanto a Home Depot e a Lowe’s também importam daquele país asiático. Analistas citados pela agência Reuters estão preocupados com o facto de o grande retalho poder sentir um impacto substancial nas suas margens de lucro como resultado das tarifas.
As ações da Walmart subiram menos de 2% em 2025, enquanto os outros grupos registaram perdas de dois dígitos. A Target foi a mais afetada, com uma queda de 32% até ao momento.
As políticas tarifárias erráticas de Trump causaram impactos em vários setores e agitaram os mercados bolsistas dos Estados Unidos durante semanas. Mais recentemente, Trump manifestou pouco apreço pelos comentários do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, que disse na semana passada que a economia estaria em risco tanto pelo menor crescimento como pela maior inflação.
Trump tem insistido com a Reserva Federal para que o regulador baixe as taxas de juro do mercado, mas a Fed insiste que, para já, o tempo é de manter os atuais indicadores. Trump passou o seu primeiro mandato com fortes desentendimentos com Powell exatamente pelos mesmos motivos. A Fed acabaria por baixar as taxas diretoras por diversas vezes ao longo da administração Biden – fazendo exatamente aquilo que Trump queria, mas com atraso. Este atraso era economicamente aceitável, segundo todos os analistas, mas Trump acabou por afirmar que o banco central tinha sido uma das instituições mais ativamente contrárias às suas determinações ao longo desse mandato. A recusa da Fed em voltar a mexer nas taxas tem vindo a agravar esses desentendimentos entre ambos.
Segundo a imprensa norte-americana, vários empresários de diversos setores têm tentado convencer Trump de que o processo de disseminação de tarifas ‘cegas’ pelos mercados que exportam para os Estados Unidos é contraproducente em relação aos objetivos económicos das tarifas. Mas, pelo menos para já, o presidente mantém-se irredutível.
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