Um ano depois de o executivo norte-americano chefiado por Donald Trump ter anunciado que rasgaria o Acordo Nuclear com o Irão – apesar de todos os esforços diplomáticos para o convencer do contrário, liderados pelo presidente francês Emmanuel Macron – a Casa Branca está a intensificar o cerco aos interesses iranianos.
E a União Europeia está no meio do cerco, ‘acossado’ dos dois lados para que tome partido. De um lado está nova ofensiva da Casa Branca sobre os governos da União – com o encarregado especial dos assuntos para o Irão, Brian Hook, a tentar convencer os seus parceiros europeus de que têm de fechar a porta a qualquer entendimento com o Irão.
Do outro lado está o próprio Irão, que esta quarta-feira declarou que não mais cumprirá integralmente o acordo nuclear assinado com os Estados Unidos e com a Europa em 2015, pelo qual Teerão concordou com uma pausa de 15 anos no seu programa nuclear, em troca da suspensão das sanções económicas impostas pela comunidade internacional e do apoio ao desenvolvimento.
Num discurso que passou na televisão iraniana, o presidente do país, Hassan Rouhani, anunciou uma série de medidas que farão regressar o Irão à corrida à capacidade de produzir armas nucleares, movimento que só será evitado se a Europa desafiar Trump. Isto é, ou a União Europeia continua a comprar o petróleo iraniano, a investir no auxílio ao desenvolvimento económico e a manter em aberto os canais financeiros da banca internacional – indo assim contra os conselhos do presidente norte-americano – ou o Irão considera o acordo não cumprido.
Desde há um ano – e depois de uma ofensiva diplomática contra a recusa dos Estados Unidos continuarem ligados ao acordo – que a União Europeia tenta de algum modo substituir os norte-americanos. Mas, como disse ao Jornal Económico o Embaixador Francisco Seixas da Costa, o acordo terá vida curta se os Estados Unidos se mantiverem fora do seu perímetro.
Desde a primeira hora que a União Europeia deixou claro que não só não iria cumprir o embargo ao Irão, como estava disponível para financiar as empresas que, querendo manter negócios com o Irão, seriam também elas alvo de sanções por parte dos Estados Unidos.
Mas a pressão diplomática dos Estados Unidos não esmoreceu. E, depois de uma fase em que Brian Hook insistia no facto de que Trump convidava o regime iraniano a sentar-se à mesa das negociações com vista à assinatura de um verdadeiro acordo nuclear, o tempo é agora outro. Numa ‘conference call’ de Brian Hook com um grupo restrito de jornais europeus (de que o JE faz parte) durante a tarde de ontem, a Casa Branca quis deixar claro que a opção bélica está agora em cima da mesa.
Já se tinha percebido:desde o início do ano que a movimentação de embarcações de guerra norte-americanas junto às águas do Golfo Pérsico deixava poucas dúvidas sobre aquilo que atualmente move a Casa Branca.
Durante a ‘conference call’, Hook nã quis comentar as reservas da União Europeia face à escalada militar e mesmo face à imposição das sanções económicas sobre a economia e a venda de petróleo.
Mas, para todos os efeitos, a União Europeia está numa tenaz: de um lado os ‘conselhos’ de Trump, do outro lado as declarações cruas do governo do Irão. A Comissão Europeia terá por certo que dar uma resposta a este problema nas próximas horas.
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