O porto de Sines e a sua plataforma logística estão a despertar cada vez mais a atenção e o interesse dos grandes ‘players’ internacionais, com destaque para os dois grandes pólos económicos mundiais: os Estados Unidos e a Ásia, com a China e Singapura à cabeça.
Na passada segunda-feira, Robert Sherman, embaixador dos EUA em Portugal visitou o complexo industrial, logístico e portuário de Sines, naquela que foi o último ato oficial do antigo presidente da APS – Administração dos Portos de Sines e Algarve, João Franco. O diplomata foi também recebido pelo CEO da AICEP Global Parques, Francisco Mendes Palma, que gere a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines, a maior área de localização para unidades industriais e logísticas da Península Ibérica, com mais de dois hectares de espaços vocacionados para actividades industriais, logísticas e de serviços. Segundo o Jornal Económico apurou, a visita de Robert Sherman a Sines partiu da iniciativa norte-americana e prende-se com o forte interesse dos EUA em financiarem uma plataforma de abastecimento e distribuição de gás natural para navios na fachada atlântica da Europa. O gás natural será o combustível do futuro para os grandes navios.
O interesse demonstrado pelos Estados Unidos surge menos de duas semanas depois de ter sido anunciado, no âmbito da visita oficial do primeiro-ministro António Costa à República Popular da China, um memorando de entendimento entre o Haitong Bank e o China Development Bank para trazer investimento chinês para o porto alentejano. Mais propriamente, para a referida plataforma logística e, neste caso dos chineses, “não há interesses específicos, todo o tipo de infraestruturas e de mercadorias lhes interessam desde que possam investir na Europa”, segundo revelou uma fonte do setor ao Jornal Económico. E dinheiro não falta do lado chinês.
“O AICEP Global Parques, o China Development Bank e o Haitong Bank pretendem explorar o eventual desenvolvimento de uma plataforma logística na ZILS (…), identificando potenciais investidores chineses interessados no negócio industrial e de logística”, refere o citado memorando de entendimento. Uma das versões para justificar este interesse parte do princípio que produtos fabricados na China ou em alto mar possam ser montados e concluídos em Sines, garantindo-lhes o selo da União Europeia para mais fácil exportação para o espaço comunitário, sem qualquer barreira aduaneira. O Jornal Económico apurou ainda que o porto de Ningbo, um dos que movimenta mais mercadorias na China e no Mundo, já tinha demonstrado este ano vontade de investir na plataforma logística de Sines, já depois de uma delegação de administradores do porto chinês ter visitado Sines no ano passado. Esse processo ficou suspenso com a passagem de testemunho entre João Franco e José Luís Cacho à frente do porto de Sines, mas pode ser retomado em breve, sendo uma das hipóteses mais fortes para concretizar o memorando de entendimento celebrado entre o AICEP Global Parques, o China Development Bank e o Haitong Bank.
Será, aliás, um dos temas prioritários em cima da mesa do novo presidente da APS, José Luís Cacho, formalizado no lugar no início desta semana por Ana Paula Vitorino, ministra do Mar. Até porque pelos intervenientes em causa as relações são Estado (China Development Bank do lado da China) a Estado (AICEP Global Parques do lado de Portugal) e existe vontade recíproca para efetuar estes investimento, que poderão ser de largas dezenas de milhões de euros. Já há vários anos, durante a vigência dos governos de José Sócrates, a China tinha tentado investir numa plataforma logística em Portugal, no famoso projeto do Poceirão, mais um que nunca saiu do papel.
José Luís Cacho tem ainda um outro assunto candente que mexe com o investimento estrangeiro em Sines e com um forte Estado asiático. Há vários anos que a PSA, empresa estatal de Singapura e concessionária do terminal de contentores de Sines, assinou um memorando de entendimento com o Estado português, na altura do governo de Pedro Passos Coelho, no sentido de investir 160 milhões de euros na ampliação do atual terminal. O certo é que o projeto ainda não arrancou, para desespero da PSA, que vê a procura a subir a um ritmo constante. E escasseia o tempo para que se iniciem as obras sem constrangimentos de maior. Um dos primeiros sinais no sentido da resolução deste impasse surgiu há cerca de um mês, quando o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas aceitou o projeto de ampliação do molhe Leste do porto de Sines (3ª fase) e convidou a APS a apresentar candidatura aos fundos comunitários do Portugal 2020 para esta obra orçada em cerca de 40 milhões de euros. Esta obra é a parte que cabe ao Estado português investir, cabendo os restantes 160 milhões de ampliação do Terminal XXI à PSA de Singapura.
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