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EUA: Subida da taxa de inflação até aos 5,4% em junho pressiona Reserva Federal

O banco ING considera cada vez mais difícil a Reserva Federal manter o discurso de que a subida da inflação é transitória, adivinhando que esta se mantenha acima dos 4% até ao início de 2022 e, consequentemente, que as taxas de juro sejam aumentadas já no próximo ano.
10 – Estados Unidos
13 Julho 2021, 18h10

A taxa de inflação homóloga em junho chegou aos 5,4% nos EUA, uma nova subida em relação ao mês anterior, quando o indicador se manteve nos 5%. Esta aceleração na variação de preços na economia norte-americana torna mais provável uma subida das taxas de juro mais cedo do que previsto pela Reserva Federal, que terá cada vez mais dificuldades em manter a sua avaliação de uma subida “transitória” nos preços, antecipa a análise do banco ING.

O índice de preços no consumidor acelerou 5,4% em junho na maior economia do mundo em termos homólogos, sendo que o resultado diminui para 4,5% excluindo a volatilidade dos bens alimentares e energéticos. Este resultado configura a maior subida anual de preços desde 1991. Numa análise em cadeia, os preços cresceram 0,9% em junho.

Estes resultados ficam consideravelmente acima das expectativas dos mercados e analistas, que anteviam uma subida menos pronunciada dos preços. De acordo com o levantamento do portal TradingEconomics, a previsão para a taxa de inflação homóloga era de 4,9%, enquanto que para a inflação ‘core‘, ignorando as categorias mais voláteis, os especialistas apontavam para uma leitura de 4,5%.

Para o departamento de análise económica e financeira do Banco ING, os valores observados nos últimos meses neste indicador tornam menos provável a visão da ‘Fed’ de que a subida de preços é transitória e poderão mesmo obrigar a uma subida antecipada das taxas de juro de referência.

“Dada a forte performance mensal recente [da taxa de inflação], torna-se difícil para a Reserva Federal manter a sua posição de que a inflação é meramente ‘transitória'”, pode-se ler na análise do banco holandês, que destaca as leituras “mensais de 0,3% e o,4% nalguns componentes, o que sugere uma pressão inflacionária abrangente”.

Para o ING, uma das causas desta subida de preços prende-se com o excesso de procura, que é explicado em parte pelos entupimentos nas cadeias de produção de várias indústrias, o que aumenta os custos intermédios. Estes, por sua vez, são passados ao consumidor, que carrega a incidência dos maiores custos, traduzindo-se num preço mais elevado.

Assim, a expectativa é, por um lado, de que o pico da inflação tenha sido atingido em junho, mas que a descida seja muito gradual, havendo dúvidas sobre o retorno da economia ao alvo de 2% para este indicador; e, por outro lado, que a Reserva Federal seja obrigada a subir as taxas de juro mais cedo do que previsto, provavelmente já em 2022.

“Antevemos que a inflação se mantenha acima dos 4% até ao primeiro trimestre de 2022, enquanto que a inflação core provavelmente não descerá dos 3%”, prevê o ING, acrescentando que, do seu ponto de vista, 2023 será “tarde demais” para a subida das taxas de juro.

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