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EUA: Subida de 9,8% nas vendas a retalho sublinha recuperação económica e impacto dos estímulos

A terceira ronda de estímulos à economia norte-americana impulsionou uma onda de consumo no país que levou ao segundo maior aumento mensal das vendas a retalho desde 1992. A economia mostra sinais de grande ímpeto na recuperação, havendo mesmo quem aponte para taxas de crescimento anualizado de dois dígitos no segundo trimestre.
15 Abril 2021, 19h00

Os fortes dados do comercio a retalho americano em março surpreenderam até os analistas, ao superarem largamente as projeções, e sinalizam já o efeito dos pagamentos feitos às famílias pelo Governo federal, depois da aprovação no início do mês passado do programa de estímulos à economia.

A subida mensal de 9,8% no comércio a retalho animou economistas e mercados, especialmente quando confrontada com a expectativa de 5,8%. Eliminando a volatilidade de alguns bens, a versão ‘core’ deste indicador subiu 8,4% quando comparado com o mês anterior, sendo que a expectativa seria de um aumento de 5%. Desde 1992, só em maio do ano passado a variação havia sido maior.

“[Estes valores] significam que estamos bem encaminhados para um crescimento anualizado de mais de 7% do PIB no primeiro trimestre de 2021”, frisou James Knightley, economista chefe internacional do Departamento de Análise Económica e Financeira do banco ING.

Em termos homólogos, a subida nas vendas a retalho de março chega aos 30,4%, apesar de haver já um efeito base, dado que os valores para março de 2020 foram já afetados pela pandemia.

Todos os componentes do indicador apresentaram uma variação positiva em março, sendo que apenas a restauração não atingiu valores mais elevados do que os registados em fevereiro do ano passado, quando a Covid-19 não havia ainda chegado aos EUA.

No entanto, como salienta Michael Pearce, economista sénior na consultora macro Capital Economics, é possível que se esteja a observar um pico de consumo criado pelos pagamentos federais às famílias, bem como à concretização de compras que vinham sendo adiadas perante o encerramento dos estabelecimentos.

Esta hipótese traduzir-se-á em dados menos fortes em abril, adivinha Pearce, mas a tendência de recuperação da economia parece manter-se, especialmente considerando os números de pedidos de desemprego na última semana, os mais baixos desde a chegada da Covid-19, aos que se juntam os quase um milhão de postos de trabalho criados em março.

“A continuação do relaxamento das medidas de contenção irá aumentar as oportunidades de criação de emprego e de consumo nos EUA, com o crescimento no segundo trimestre a chegar potencialmente aos dois dígitos”, antecipa James Knightley. Tal performance seria um claro indicador da “eficácia da resposta dos EUA à pandemia”, argumenta.

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